Franscinella riograndensis: um novo olhar sobre as licófitas do Permiano da Bacia do Paraná

Franscinella riograndensis: um novo olhar sobre as licófitas do Permiano da Bacia do Paraná

Um novo gênero fóssil brasileiro

A paleobotânica nacional acaba de ganhar um novo capítulo com a descrição do gênero Franscinella gen. nov., proposto para acomodar a espécie Franscinella riograndensis (Salvi et al.), anteriormente classificada como Lycopodites riograndensis.

Essa reinterpretação marca o primeiro registro de licófitas com esporos in situ nos estratos permianos da Bacia do Paraná, no sul do Brasil.

Redescoberta com tecnologia e colaboração científica

O estudo publicado por Júlia Siqueira Carniere e colaboradores na Review of Palaeobotany and Palynology (2025), integra a pesquisa desenvolvida durante o seu mestrado, na qual foi revisitado o material-tipo da espécie, antes descrita com base apenas em características macro-morfológicas. Com o uso de técnicas modernas como microscopia eletrônica de varredura (SEM), moldagem por vinil polissiloxano (VPS) e microscopia de luz transmitida, o trabalhou revelou dados anatômicos e palinológicos inéditos, que permitiram uma classificação taxonômica mais segura. No entanto, um dos pontos-chave para o sucesso do estudo foi a etapa de preparação das amostras.

A recuperação dos esporos fósseis foi viabilizada por meio da aplicação de uma metodologia especializada para a extração de esporos in situ, realizada no Instituto Tecnológico itt Oceaneon e desenvolvida pelos autores do trabalho. Segundo a autora principal do estudo, diante das limitações técnicas no momento das análises, optou-se pela realização dos procedimentos no itt Oceaneon, onde a metodologia foi aplicada pela palinóloga Lilian Maia Leandro. A combinação da metodologia específica com o alto padrão técnico e infraestrutura do instituto viabilizou a recuperação inédita dos esporos.

Como destacou Simone Fauth, "recuperar esporos de plantas em rochas do Paleozoico Superior no Rio Grande do Sul era um desafio que, há mais de 50 anos, palinólogos de diversas universidades vinham tentando superar, sem sucesso, especialmente no que diz respeito aos esporos fósseis de Lycopsida".

Esporos que conectam histórias

A morfologia dos esporos encontrados em Franscinella se assemelha à de tipos palinológicos conhecidos — como Converrucosisporites — comuns em sedimentos permianos da Bacia do Paraná. Essa conexão fortalece o vínculo entre registros macro e microfósseis, contribuindo para interpretações mais integradas sobre a vegetação do passado.

Fig. 11

Por que isso importa?

Revisitar fósseis já conhecidos com ferramentas modernas pode revelar informações inéditas, como demonstra a redefinição de Franscinella. O estudo também evidencia a importância de se repensar classificações amplas, como Lycopodites, muitas vezes usadas de forma genérica.
Além disso, reforça o valor das parcerias científicas e da infraestrutura tecnológica nacional no avanço da paleobotânica.

Colaboração científica e apoio à pesquisa

O trabalho é liderado pela equipe da Universidade do Vale do Taquari - Univates, com contribuições importantes do itt Oceaneon/Unisinos, especialmente na etapa de preparação das amostras palinológicas. Participam ainda, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de instituições internacionais como o Senckenberg da Alemanha, com apoio técnico do Tecnovates (Univates) e financiamento de CNPq, CAPES e demais parceiros da ciência brasileira.

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