EXPLORANDO A NEOTECTÔNICA NO ESCUDO SUL-RIO-GRANDENSE/URUGUAIO A PARTIR DA INVERSÃO FLUVIAL

No Escudo Sul-rio-grandense/Uruguaio (ESRGU) afloram rochas Pré-Cambrianas, sotapostas a oeste por rochas Paleo-Mesozóicas da Bacia do Paraná e a leste por sedimentos Quaternários da Planície Costeira. A região é segmentada por diversas zonas de cisalhamento Neoproterozóicas, localizadas nos limites de terrenos orogênicos antigos. Devido à sua relativa estabilidade, poucos estudos abordam a neotectônica na região. No entanto, a geomorfologia fluvial pode revelar descobertas significativas sobre eventos tectônicos recentes, pois os rios preservam a história tectônica através de suas características geomorfológicas. Isso é particularmente valioso para compreender os processos tectônicos em curso na região, uma vez que a atividade tectônica modela a topografia e a variabilidade das forças tectônicas é responsável pela complexidade dos padrões topográficos nas paisagens fluviais. Utilizamos a inversão fluvial e o índice do canal normalizado (ksn) no ESRGU para investigar a atividade neotectônica através da análise dos perfis longitudinais dos rios derivados de modelos digitais de elevação. Esse método permite inferir padrões de soerguimento e variações no nível de base. A reconstrução da história topográfica através da inversão fluvial, junto com os valores de ksn, pode revelar tendências de movimentos tectônicos que foram preservados na topografia, oferecendo insights sobre a dinâmica da tectônica regional. A integração dessas ferramentas sugere padrões variados de soerguimento no ESRGU, com valores elevados de ksn concentrados próximos a antigas zonas de sutura, seguindo uma preferência pela direção nordeste que coincide com as shear zones Neoproterozóicas conhecidas. A análise através da inversão fluvial revela que as bacias hidrográficas ao norte (Camaquã, Arroio Grande, Arroio Pelotas e Piratini) e ao sul (Cebolatti) apresentaram as maiores taxas relativas de soerguimento nos últimos milhares de anos, em comparação às bacias centrais (Jaguarão e Tacuarí). Este padrão é reforçado pelos maiores valores de ksn observados nas extremidades da área de estudo, sugerindo a possível existência de um depocentro na região central. Embora o método considere a variabilidade litológica para estimar as tendências de soerguimento, são necessários estudos adicionais para obtenção de valores absolutos, como a datação de terraços aluviais e a análise da erodibilidade. Este estudo inicial destaca a inversão fluvial como uma ferramenta promissora para investigar a atividade neotectônica e a evolução geomorfológica no Escudo Sul-rio-grandense/Uruguaio, e sugere uma atividade tectônica recente na área.

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