Negócios de impacto e inovação social

Temas foram debatidos na Semana do Empreendedorismo e da Inovação

Foto: Janaína Costa

A XXIII Semana do Empreendedorismo e da Inovação Unisinos segue com atividades até quinta-feira, 27 de outubro, em São Leopoldo e Porto Alegre. Desde o início da programação, já foram debatidos temas como negócios de impacto, empreendedorismo criativo e ambientes de inovação.

Na noite de segunda-feira, 24, ocorreu a abertura da Semana, cuja organização coube às Escolas de Gestão e Negócios, Politécnica e da Indústria Criativa e à unidade de negócios da Instituição, a Unitec. A conversa teve como assunto principal Empreendedorismo e Negócios de Impacto Social e contou com a participação de Renato Kyiama, diretor da DGS Ventures, e de Ronaldo Tenório, co-fundador e diretor executivo da Hand Talk.

Foto: Janaína Costa

“Empreender não é fácil. No Brasil, então, menos ainda”, comentou Ronaldo. Ao compartilhar sua história com o público, o convidado disse que sempre teve vontade de deixar um legado para a sociedade e que encontrou esse propósito ao perceber uma possível solução para um problema real. Ronaldo e seus sócios Carlos Wanderlan e Thadeu Luz criaram o Hugo, um personagem de aplicativo móvel que faz traduções para Libras e complementa o trabalho do intérprete na comunicação entre surdos e ouvintes.

Com Hugo, a Hand Talk foi reconhecida e conquistou prêmios. Entre eles, o de Melhor Aplicativo Social do Mundo em 2013, entregue pela Organização das Nações Unidas no World Summit Mobile Award, em Abu-Dhabi. Hoje, a empresa oferece, inclusive, uma solução corporativa: a tradução automática de sites por meio de assinaturas mensais. “70% dos surdos têm dificuldade em ler e escrever a língua escrita de seu país. Isso significa que a internet está praticamente offline para eles”, lembrou o palestrante. “O Hugo nos ajuda a mudar essa realidade. Mais do que um tradutor, ele é um ator que aproxima públicos.”

Ronaldo concluiu sua apresentação falando sobre como foi chegar aonde chegou com a Hand Talk: “A ingenuidade foi bacana lá no começo, porque assim não enxergamos as barreiras. Se soubéssemos o tamanho do desafio que teríamos, talvez não tivéssemos feito nada”.

Foto: Janaína Costa

O segundo convidado, Renato, falou um pouco sobre o que pensam e como agem os investidores, bem como a hora certa de procurá-los (ou não). “Não se passa de uma ideia para uma empresa de sucesso de forma linear”, afirmou. De acordo com ele, ter um negócio sustentável é um processo, uma caminhada que se constrói em cima de fases e inovações quase acidentais. “É como uma escada, em que cada degrau representa uma etapa com um objetivo específico. E cada etapa exige conhecimentos, práticas e apoios diferentes. Saber trabalhar em parceria é o grande desafio para o brasileiro”, disse.

Design para inovação social e sustentabilidade

Em Porto Alegre, o segundo dia da Semana do Empreendedorismo e da Inovação (terça-feira, 25) buscou articular atores da produção criativa e cultural da Região. O debate reuniu três mestrandos em Design Estratégico da Unisinos: Aline Bueno, membro da Associação Cultural Vila Flores; Coral Michelin, membro da Paralelo Vivo; Aron Litvin, co-fundador do Estúdio Nômade e do TransLAB.

Na introdução às falas, a mediadora, professora Karine Freire, fez uma retomada sobre o laboratório de pesquisa SeedingLab, que é parte do Grupo de Pesquisa Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social, do Programa de Pós-graduação em Design da Unisinos. Entre os objetos estudados pelos integrantes do SeedingLab, estão as casas colaborativas de Porto Alegre, que foi o assunto da conversa.

Foto: Janaína Costa

“As casas colaborativas são espaços compartilhados de trabalho que se organizam colaborativamente, são impulsionados por um propósito, promovem atividades abertas para o público e realizam projetos voltados para o território”, conceituou Coral. De acordo com a pesquisadora, as CCs começaram a surgir, ainda não bem definidas como tal, em 2013; a se reconhecerem em 2015 e a se articularem, política e midiaticamente, em 2016.

Apesar de parecidas, as casas colaborativas possuem diferenças sutis entre si e notáveis entre modos de organização afins, como coworking e casa compartilhada. Nas colaborativas, são palavras de ordem: gestão horizontal, comprometimento e engajamento.

O complexo arquitetônico Vila Flores segue a estrutura de casa colaborativa. “As iniciativas dos residentes do Vila Flores – atualmente, 27 – focam no coletivo, no bem-estar público, e não apenas individual”, destacou Aline. “Nós temos o propósito quase utópico de fazer deste um mundo melhor. Queremos que as pessoas se sintam parte dessa construção.”

Outra casa colaborativa consolidada em Porto Alegre é o TransLAB, que atua com foco no cidadão. Ao contar a história de como a casa se constituiu e se caracteriza até então, Aron destacou: “O que mais importa é o aspecto das relações pessoais: como as pessoas se conectam e interagem para promover processos de inovação social”.

Sobre a Semana

A Semana do Empreendedorismo e da Inovação chamava-se Semana da Qualidade quando o propósito de suas atividades era repensar a indústria e as bases de competitividade. Com a mudança de modelo mental que vem ocorrendo – de “trabalhar em uma grande empresa” para “empreender, dentro ou fora da empresa” –, mudou também o nome e as diretrizes do evento, que foi rebatizado há três anos. A cada edição, a Semana amplia sua participação nos campi e para além deles.

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