Tinta sustentável é inovação na Engenharia

Projeto visa reduzir transtornos causados pelo acúmulo de lixo

A produção constante e desenfreada de lixo tornou-se um dos grandes problemas da sociedade pós-moderna, marcada pelo consumo e descarte de materiais. Os resíduos que rejeitamos podem tanto causar prejuízos à natureza quanto retornar em forma de produtos sustentáveis para a população. A sustentabilidade foi o norte de Gabriela Schneider e Paula Schwade, alunas do curso de Engenharia Química, que desenvolveram uma tinta a partir do Isopor.

“Buscou-se uma solução inovadora para o acúmulo de lixo, então era necessário transformar em um novo produto algum material amplamente utilizado e descartado mas com poucas alternativas de reciclagem. A partir de uma análise bibliográfica, foi possível perceber que o poliestireno expandido (EPS), conhecido pela marca Isopor, é um resíduo deste tipo, e surgiu a proposta de transformá-lo em um produto importante para o mercado, uma tinta. Em seguida, os estudos começaram com a produção de um veículo, uma fase inicial da tinta que é uma resina viscosa e incolor, e foi possível começar a avaliar as propriedades dessa resina para encontrar a melhor formulação de tinta”, afirma Gabriela.

A aluna acrescenta que o Isopor é resistente a impacto e variações de temperatura, por isso é amplamente utilizado desde o transporte de mercadorias até a construção civil. Todavia, por ser um material pouco denso, nem sempre é reciclado, ocupando muito espaço em aterros sanitários. “Com a tinta que desenvolvemos, um volume muito grande de Isopor se converte em um filme fino de tinta. Trocamos também os solventes comuns na indústria por um solvente natural extraído da casca de frutas cítricas, que é biodegradável e não agride nem o meio ambiente, nem a saúde humana”, esclarece.

Paula diz que, a partir de diversas observações, constataram que o Isopor é um material que traz muitas consequências negativas ao meio ambiente, quando descartado incorretamente, e os métodos para sua reciclagem são pouco eficazes. Por isso, o viés sustentável sempre foi o principal aspecto da pesquisa, conta ela. Além disso, foi um dos motivos para que se reaproveitasse o d-limoneno, solvente natural extraído das cascas de frutas cítricas, como a laranja. Por sinal, o projeto reaproveita as cascas das laranjas utilizadas no suco do RU da universidade.

O desenvolvimento da tinta à base de poliestireno expandido é um projeto de pesquisa orientado pela professora Tatiana Rocha, coordenadora do curso de Engenharia de Materiais. O projeto foi desenvolvido em diversos laboratórios da Unisinos, principalmente no Laboratório de Caracterização e Valorização de Materiais (LCVMat). Ela ressalta a contribuição agregada pelo projeto por ser uma forma de retirar materiais em excesso do meio ambiente. “A valorização de dois tipos diferentes de resíduos contribui de maneira a transformar esses resíduos (casca da laranja e Isopor) em um novo produto com maior valor agregado”, completa.

[TEXTO ALTERNATIVO DA IMAGEM

A tinta tem o mesmo desempenho de qualquer outra vendida no mercado. No início, conta a professora, planejou-se um produto voltado ao setor imobiliário, mas, em vista do sucesso dos resultados obtidos, percebeu-se a possibilidade de ampliar para outras áreas. Ela ainda não está no mercado, pois está em fase de patenteamento. Todavia, o custo dela já foi calculado como parte do projeto e apresentou ser viável ao consumidor.

Paula enfatiza que a pesquisa ainda encontra-se em andamento; todavia, com base nos resultados já obtidos, é possível concluir a viabilidade da produção de uma tinta de alta qualidade proveniente de Isopor. Para ela, a pesquisa trouxe diversos conhecimentos (área de polímeros, tintas, ciência dos materiais, análises físicas e químicas…) e através dela afirma que mesmo uma ideia que se mostre pouco provável, de difícil execução, pode gerar bons frutos quando trabalhada com esforço e dedicação.

A vontade de continuar construindo soluções sustentáveis para o amanhã foi um dos pontos destacados por Gabriela. Estar envolvida no projeto a fez perceber que ainda existe muito a ser feito pelo meio ambiente, e que a indústria em geral também é lugar de inovação neste sentido. “Me sinto plenamente capaz de voltar a minha vida acadêmica e profissional para a sustentabilidade, criando soluções sustentáveis de engenharia”, finaliza.

6ª Semana do Meio Ambiente Unisinos

Quem quiser saber mais sobre essa história, terá a oportunidade nesta terça-feira, 02/06, às 19h30, no auditório Sérgio Gomes, durante a 6ª Semana do Meio Ambiente Unisinos.

A programação completa do evento pode ser conferida aqui.

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