TEDxUnisinos apresenta as fronteiras da humanidade

Evento reuniu mais de 500 pessoas e 13 palestrantes no Teatro Unisinos na sexta-feira (17/08)

Crédito: Rodrigo W. Blum

Compartilhar ideias. Essa é a missão que o TEDxUnisinos realiza há oito anos. Na última sexta-feira, dia 17, o Teatro Unisinos foi palco pela segunda vez do evento que ocorre anualmente. Foi um momento de troca de inspirações, histórias de vida e bons conceitos para mudar a cidade, o país e (até mesmo) o mundo.

Com o tema “Fronteiras”, o evento abordou questões de gênero, educação, guerras, morte e vida. Durante 300 minutos, 13 speakers e duas atrações culturais provocaram mais de 500 pessoas a pensar sobre diferentes desafios da vida e promover reflexões sobre as transformações que os obstáculos proporcionam.

Veja abaixo o resumo das palestras

Alexandre Pereira

Primeiro palestrante do TEDxUnisinos, Alexandre Pereira é professor da Unisinos da área de Gestão para Inovação e Liderança e foi um dos sobreviventes do tsunami que atingiu a Tailândia em 2004 e causou mais de 230 mil mortes. O docente estava no mar quando uma onda se formou e devastou a praia de Phuket. Durante a palestra, Pereira relembrou dos momentos de “angústia e incerteza” ao receber a notícia do ocorrido e revelou como foi encarar a cidade destruída por causa da água. “Esse evento é o meu ponto de virada. Uma fronteira de determinismo definitivo”, afirmou.

Bia Kern

O empoderamento feminino e o empreendedorismo social foram os temas abordados na palestra de Bia Kern. A fundadora e presidente da ONG Mulheres em Construção ressaltou como é visto o papel da mulher na sociedade em que vivemos atualmente. A profissional salientou que a influência do empoderamento feminino deve vir de casa, da própria família e também a nossa função como seres humanos. “Levar adiante uma ideia que mude o mundo” é um dos conselhos da palestrante.

Guilherme Massena

Um dos fundadores da Dobra, fabricante de camisetas, tênis e carteiras sustentáveis, Guilherme Massena questionou a forma convencional dos administradores de empresas. Revelou sua vontade de mudar o mundo e ser dono do próprio negócio. Ele também trouxe à tona as dificuldades e incertezas antes de criar a empresa e salientou que devemos enxergar o futuro com outros olhos: “Não existe o futuro que a gente fala, mas o futuro que a gente constrói”, disse.

Cadu Pessoa de Brum

Ao iniciar a segunda parte das palestras da manhã, Cadu Pessoa de Brum falou sobre a importância de dar voz às crianças. Com mais de uma década dedicada à literatura, o filósofo já escreveu 50 livros com temática infantil. Segundo Cadu, foi através dos questionamentos dos pequenos leitores que ele encontrou sua voz e conseguiu atravessar a fronteira da educação. “Quando eu comecei a escrever, eu queria falar, eu queria ser ouvido, eu queria ensinar, mas eu estava errado. Depois de 14 anos e 50 livros, eu aprendi muito mais do que ensinei com as histórias que as crianças criam”, ressaltou.

Maria Inês Secco

Atuante há quase 30 anos em UTI Neonatal, a técnica em enfermagem Maria Inês Secco narrou episódios de sua rotina de trabalho e revelou os desafios de trabalhar com a vida e a morte. “A minha profissão é ser mãe dos bebês e dos pais”, revelou. Entre as histórias contadas, estava a de três recém-nascidos, um menino diagnosticado com hipertensão pulmonar e duas gêmeas, chamadas carinhosamente de Rosa e Orquídea, a última com uma doença cardíaca grave. Todas as crianças citadas sobreviveram e hoje fazem parte das mais de 5 mil pessoas que passaram pelos cuidados da técnica. “Eu sou uma mãe que fica feliz quando os filhos saem de casa e não voltam mais”, brincou.

Laura Patrón

“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Com o provérbio africano, Lau Patrón, abreviatura de Laura, iniciou a apresentação. Mãe de João, ela luta e aprende os desafios de cuidar do filho diagnosticado com SHUa, uma doença genética e autoimune. Na apresentação, Lau mesclou histórias e conquistas do filho com a necessidade de haver mais visibilidade a temas como diversidade, amor e a importância social da inclusão no desenvolvimento de pessoas portadoras de necessidades especiais. “Nós somos a diversidade, sejam a aldeia”, acrescentou.

Lui Nörnberg

Homem transgênero, Lui contou que viveu por 45 anos no corpo de Nara. Graduado em Pedagogia pelo Instituto Luterano de Ensino Superior de Ji Paraná (Rondônia) e mestre e doutor em Educação pela Unisinos, ele fez um desabafo sobre a angústia de viver em um corpo que não tinha relação com sua identidade. Conforme foi se descobrindo e aceitando seus desejos, Lui passou a transformar-se no homem que desejava ser. “Qual a fronteira que interroga a sua humanidade? Mais do que interrogada, minha humanidade foi afirmada pelas mulheres da minha família. A linha entre abster-se e deixar de viver é tênue. Eu decidi renascer sem ter que morrer”, disse.

Filipe Roloff

Criador de pontes entre o mundo corporativo e a inclusão LGBT, ele subiu ao palco para mostrar como a acolhida modificou a sua vida. Líder dos grupos Pride@SAP e Pride Connection no Brasil, em 2017, Filipe integrou a lista dos 50 futuros líderes LGBT do mundo, publicada no jornal britânico Financial Times. “Eu olhei para o mundo e entendi que o meu lugar era mover todo o meu esforço e paixão para criar ambientes mais seguros”, finalizou.

Liliana Sánchez

Com o tema “Falta de eletricidade em comunidades menos favorecidas”, a palestrante fez questionamentos sobre viver uma vida sem energia elétrica. Como gerente regional da empresa Illuméxico, ela ajuda a levar energia solar para zonas rurais e marginalizadas do México, e apresentou dados sobre a falta de acesso a eletricidade no mundo. Com base em suas experiências, ela contou como a falta de energia impacta diretamente a educação, saúde, segurança, produtividade e convivência familiar.

Gladis Kaercher

Coordenadora do curso de extensão UniAfro, ela desenvolveu uma sequência de 12 cores de giz de cera cor de pele para serem utilizados em sala de aula, quebrando o tabu do conhecido lápis rosa. Ela contou sobre sua luta em busca da representatividade e empoderamento por meio do trabalho com professores da educação infantil.

Mor Ndiaye

Mor Ndiaye é presidente da Associação dos Senegaleses de Porto Alegre, que já conta com mais de 700 participantes. Durante a sua trajetória desde a vinda para o Brasil, em 2008, Mor viu a constante superação dos imigrantes nas diferentes lutas cotidianas, como aprender um novo idioma, entender o que está sendo solicitado e, principalmente, as dificuldades que enfrentam para encontrar um emprego de uma forma justa. “Muitos dos senegaleses que estão aqui tem formação, tem formação, tem cultura, porque não aproveitar isso? Essa barreira pode ser derrubada.”, afirmou.

Ana Cristina Ostermann

Desvendando a interação humana, a professora falou sobre seu estudo, a “Análise da Conversa”. Ela convidou os participantes a explorarem as conversas, tanto as mais complexas quanto as ditas banais, do cotidiano. Transpondo as barreiras da pergunta e da resposta, Ana apresentou casos que foram gravados durante atendimentos no SUS – Sistema Único de Saúde. Ela mostrou formas equivocadas de abordar assuntos delicados, como gravidez, uso de drogas e sexualidade, demonstrando ruídos na comunicação entre pessoas, causados pelas palavras ou pela falta delas.

Rodrigo Lopes

Jornalista, Rodrigo Lopes teve a vida permeada por fronteiras críticas. Mestre em Comunicação pela Unisinos, professor universitário, e repórter especial do jornal Zero Hora, ele sempre enxergou nas fronteiras o sucesso ou fracasso de seu trabalho. Crítico ao jornalismo frio, ele sempre tentou enxergar a história das pessoas por trás dos números de grandes guerras e catástrofes. “A gente está eternamente na fronteira de ir e ficar, entre a adrenalina e medo. As pessoas que não podem sair, que não podem ultrapassar essas fronteiras são as verdadeiras vítimas”, finaliza.

Textos de Eduarda Bitencourt, Gabriel Ost, Giulia Godoy, Kellen Dalbosco, Luisa Heinzelmann e Natan Cauduro

O nosso website usa cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização.

Aceitar