Relações étnico-raciais em pauta

Conferência do Neabi promoveu momento de escuta e inovação social

Crédito: Janaína Costa

Como parte das ações relacionadas à Década Internacional dos Afrodescendentes, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) promoveu uma conferência na noite de terça-feira, 16 de maio. Intitulada Educação das relações étnico-raciais, diálogo interreligioso e a proposta do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental (OLMA), a atividade aconteceu no Campus São Leopoldo, foi coordenada pelo babalorixá Pai Dejair e contou com a presença de representantes da comissão da Década na Unisinos, líderes religiosos e participantes de projetos sociais da Universidade.

A coordenadora do Neabi, professora Adevanir Pinheiro, abriu o encontro lembrando que “não temos como falar sobre educações étnico-raciais sem mencionar as três matrizes formadoras do Brasil: os povos originários, primeiros habitantes do país; os africanos e os imigrantes”. Adevanir também destacou o propósito da conferência: “Contribuir para romper o processo de intolerância e das más relações raciais na sociedade”.

O primeiro membro da mesa a falar ao público foi Luiz Felipe Lacerda, secretário executivo do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA). O convidado começou parabenizando a Unisinos por manter uma iniciativa como o Neabi e assegurar espaços de diálogo interreligioso dentro da academia. Em seguida, deu início à palestra.

“O Brasil é um país de maioria negra e parda, é multiétnico e pluri religioso, apesar de a história e alguns governos nos fazerem crer o contrário. As políticas públicas não compreendem essa realidade, justamente porque não a conhecem”, pontuou, e seguiu: “A produção da ideia equivocada não é à toa. Há intencionalidade na estatística”.

Luiz Felipe questionou a subordinação negra nas novelas e no mundo do trabalho, as piadas e a banalização do preconceito, e mesmo a triagem de espaços de status social, como as universidades. Concluiu ressaltando que “toda postura de preconceito e intolerância é fruto de uma insegurança interna”.

O convidado passou a palavra ao professor Gilbraz Aragão, que veio de Pernambuco para compartilhar um pouco do que tem vivido como membro de um grupo de diálogo interreligioso. Em sua fala, Gilbraz defendeu o encontro da harmonia, tanto em nível teológico quanto ético. “A religiosidade nos abre para o respeito ao poder criador e pode nos abrir também para a paz”, sublinhou.

Crédito: Janaína Costa

De acordo com o professor, “o diálogo interreligioso nos ensina não a forçar a contradição à solução, mas a encontrar o que ultrapassa essa contradição”, ou seja, a conviver com as particularidades das crenças. Terminou com uma comparação: “As religiões são como um arco-íris. Cada uma capta uma cor do mistério, que é bonita por si só, mas fica ainda mais bonita no espectro de todas as cores unidas”.

Concluindo as apresentações da noite, o vice-reitor da Unisinos, padre José Ivo Follmann, fez três colocações, que ratificaram as falas anteriores. Primeira: “Fora da transdisciplinaridade não há salvação para a universidade, e fora do diálogo não há salvação para a humanidade”. Segunda: “O Brasil está marcado por uma política de afirmação da branquidade”. E terceira: “A universidade tem papel fundamental no combate ao preconceito e na afirmação do diferente, inclusive dos saberes de fora da academia, dentro do processo de construção do conhecimento”.

Após as falas, houve um momento de perguntas e respostas entre o público e os membros da mesa.

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