Pesquisadora da Unisinos produz artigo sobre incursões marinhas na Amazônia

Crédito: Getty Images

Celebrado em 05/09, o Dia da Amazônia foi criado com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação do bioma. Conhecida por ser a maior floresta tropical do mundo, é também dona de uma biodiversidade imensa com várias espécies únicas residindo em seu território. Foi justamente essa biodiversidade que deu origem à pesquisa de Lilian Maia Leandro, pesquisadora do itt Oceaneon.

Nomeada “Evidências multiproxy das incursões marinhas de origem caribenha no Neogene da Amazônia Ocidental, Brasil”, o artigo da pesquisadora foi publicado internacionalmente e chama a atenção por resolver uma questão há muito tempo estudada por cientistas. Já era de conhecimento da comunidade acadêmica que onde hoje reside a floresta amazônica foi, há milhões de anos, um lugar banhado por um vasto pântano e que recebia constantemente incursões de água salgada. O que nunca havia sido confirmado até o artigo era de onde vinha essa água.

Para resolver essa questão foi necessário um estudo que comparou microfósseis orgânicos encontrados na Amazônia com os encontrados em mares, que poderiam ser as origens dessas incursões. Os objetos de estudo eram microfósseis de dinoflagelados, uma espécie de alga que é mais comum no ambiente marinho, mas que também são encontradas em ambientes de água doce. Com a comparação desses espécimes, Lilian chegou à conclusão de que o Mar do Caribe foi a fonte dessas incursões.

Gerson Fauth, coordenador do itt Oceaneon e orientador da pesquisa, explica que o resultado desmistifica uma ideia que se tinha da região: “Tem-se uma ideia de que, nos últimos milhões de anos, a Amazônia foi uma terra estável tectonicamente ou mesmo em termos de oscilação do nível do mar. Com a pesquisa feita utilizando diferentes ferramentas, foi constatado que existiu, sim, uma oscilação do nível do mar, presente por volta de 10 a 15 milhões de anos atrás”.

Levando em consideração que essas incursões não aconteceram apenas uma vez, mas várias, essa descoberta ajuda a entender mais sobre a grande biodiversidade de espécies do local. “Durante o Mioceno, que começa há 23 milhões de anos, estava se formando essa fauna e essa flora. Todo esse contexto da incursão marinha, ocorrida durante vários momentos do Mioceno, fizeram com que essa diversidade fosse bem maior. A entrada de alguns organismos marinhos fez com que eles se adaptassem à região, como os botos e as arraias, mas a gente também tem o exemplo dos microfósseis que a gente vê ali, de moluscos que se adaptaram e da flora da região”, explica Lilian.

Além da importância em identificar como essas incursões aconteciam e quais foram suas principais consequências, a pesquisa também pode ser útil para projetar acontecimentos futuros. Com a possibilidade do aumento do nível do mar em consequência do aquecimento global, não é descartada a possibilidade de, no futuro, uma dessas incursões ocorrer novamente. “A gente consegue projetar o que a gente estudou sobre o Mioceno, se uma coisa similar pode acontecer no futuro em todo o mundo, não só na Amazônia” explica Lilian.

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