Pesquisa desenvolvida na Unisinos revela aceitação dos gaúchos à vacina contra a Covid-19

Crédito: Dani Villar

Um estudo conduzido pelas Escolas de Saúde e de Humanidades da Unisinos sobre a aceitação da vacina da Covid-19 no Rio Grande do Sul traçou um panorama dos gaúchos que são a favor da imunização no enfretamento da doença e dos que são contra. A fase quantitativa da pesquisa, que foi realizada entre março e maio de 2021, recolheu o material de 953 pessoas, entre 18 e 81 anos, via questionário. Dentre essas, 37 manifestaram que não tinham interesse em se vacinar, o que equivale a 3,9% do número total de participantes. 

A professora da Escola de Saúde, Juliana Scherer, diz que apesar do número parecer baixo, a porcentagem preocupa: “Parece pequeno, mas quando olhamos para a consolidação da intenção de se vacinar, o Rio Grande do Sul ainda está muito abaixo do esperado.” No Estado, 93,4% da população vacinável tomou a primeira dose, mas apenas 53% completaram o esquema vacinal. A professora Juliana destaca que na medida em que a intensidade da pandemia foi diminuindo, a disseminação da informação sobre as vacinas também enfraqueceu. 

Os dados também revelam que o perfil de quem não tinha intenção de receber a vacina era de pessoas casadas, com filhos e média de idade de 46 anos. Além disso, elas não viam a Covid-19 como um risco, não utilizavam EPI’s e desconfiavam da eficácia e segurança da vacina. Em contrapartida, as pessoas que tinham interesse em se vacinar enxergavam a pandemia como um risco e utilizavam os EPI’s de forma correta.

Na parte qualitativa, os pesquisadores escolheram um recorte que buscava a diversidade etária e a profundidade para entender a maneira como as pessoas se sentem em relação à vacina. Foram entrevistadas 18 pessoas, entre homens e mulheres, todos com intenção de se vacinar.

De acordo com a professora da Escola de Humanidades, Marília Veronese, foi constatado que havia dificuldade no acesso à informação de boa qualidade, com informações contraditórias em várias mídias, em jornais e na internet: “Aparece uma baixa confiança aos veículos tradicionais de comunicação e a baixa procura a sites de referência, como o site da OMS”, ressalta.

Durante as entrevistas, foi perguntado aos participantes se eles conheciam e como eles viam pessoas que não iriam se vacinar. Um dos pontos levantados foi a questão política, com uma polarização entre os que não gostariam de tomar a vacina e os que gostariam. Outros fatores citados foram a religião e pessoas que evitam remédios de origem química e laboratorial, com ideias negativas sobre as grandes indústrias farmacêuticas.

A professora Marília acrescenta que os resultados da pesquisa não trazem dados alarmantes em relação a não aceitação das vacinas, mas que eles servem como alerta para que o incentivo à cultura vacinal seja retomado: “Precisamos prestar atenção às mídias que distorcem as informações em relação à saúde pública e retomar a cultura vacinal, que sempre foi sólida no Brasil”, destaca.

A pesquisa, intitulada “Análise da aceitação e da percepção sobre as vacinas para a Doença Coronavírus-2019 (COVID-19) no estado do Rio Grande do Sul”, contou com a participação de estudantes e pesquisadores das Escolas de Saúde e de Humanidades da Unisinos.

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