O petróleo que vem das rochas

Pesquisa desenvolve um banco de dados para facilitar a busca por reservatórios

Crédito: Rodrigo W. Blum

Desvendar a pesquisa coordenada pelo professor Paulo Paim é o objetivo deste texto, que, entre um turbidito e outro, busca simplificar o estudo “Parametrização de sistemas deposicionais com ênfase em sistemas turbidíticos”. O projeto, vinculado à indústria do petróleo, foi financiado pela Petrobras, com o intento de aumentar a probabilidade de encontrar óleo e gás dentro de rochas sedimentares.

As rochas, formadas de grãos que ficaram solidificados de forma cimentada, têm estrutura porosa, e muitas vezes guardam petróleo, por isso a geologia é importante na busca por essa substância, principalmente em duas fases. A primeira para descobrir onde começar a pesquisar, e a segunda para delimitar e caracterizar o campo de petróleo propriamente dito. “Então, primeiro é encontrar o campo e depois definir o campo, que é a área onde tem uma acumulação econômica de óleo ou gás, que vai estar dentro desta rocha que tem uma distribuição no espaço muito complexa e, em grande parte, desconhecida”, explica.

Saiba mais sobre o projeto na entrevista a seguir.

Do que trata a pesquisa e para que ela serve?

Paulo: A pesquisa procura compreender, o melhor possível, como essas rochas que contêm óleo estão definidas no espaço, para otimizar e melhorar a recuperação deste óleo, a fim de especificar o volume de óleo e gás. Uma das maneiras para fazer isso é por meio da modelagem do reservatório, para definir parâmetros físicos, tamanho, forma e direção para onde esse reservatório se desenvolve. Nesse projeto, nós procuramos parametrizar o sistema turbidítico. Essa parametrização vai servir para alimentar um software de modelagem e assim gerar um modelo mais próximo da real distribuição no espaço daquele reservatório.

“Antes da descoberta do pré-sal, 90% do petróleo do Brasil vinha de turbiditos.”

Paulo Paim, professor de Geologia da Unisinos

Qual foi a área em que vocês fizeram a pesquisa?

Paulo: A gente trabalhou com dados de todas as áreas que já havia realizado pesquisas e retirou dali elementos quantitativos para alimentar um banco de dados da Petrobras, o qual contém informações provenientes de outras fontes para formar um banco de dados o mais completo possível. Nós utilizamos dados de projetos sobre esse tipo de rocha, turbiditos, de pesquisas anteriores feitas em áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Argentina. Antes da descoberta do pré-sal, 90% do petróleo do Brasil vinha de turbiditos. Então, entender melhor esse tipo de rocha era muito importante.

E hoje, qual a importância de a gente entender melhor esse tipo de rocha?

Paulo: Os turbiditos continuam sendo reservatórios importantes a serem descobertos e continuam sendo alvos exploratórios no Brasil. Estão hoje em segundo plano para Petrobras, com a descoberta do pré-sal, mas continuam sendo muito relevantes, pois certamente contém reservas ainda não conhecidas.

“Os projetos são uma negociação de interesses mútuos, de um lado a nossa capacitação e do outro o que os clientes precisam.”

Paulo Paim, professor de Geologia da Unisinos

Por que a escolha por esse tema?

Paulo: Começamos a entrar na área de modelagem, uma área relativamente nova, que faz parte de uma linha de pesquisa aqui do Programa de Pós-Graduação em Geologia. Os projetos são uma negociação de interesses mútuos, de um lado a nossa capacitação e do outro o que os clientes precisam.

Em quanto tempo a pesquisa foi desenvolvida e quem participou do projeto?

Paulo: O projeto durou em torno de dois anos e uniu a Unisinos e a Petrobras, além de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação e estudantes de mestrado.

Quais as principais contribuições trazidas pelo estudo?

Paulo: Em termos da Petrobras podemos dizer que após a pesquisa eles contam com um banco de dados mais robusto, mais sólido para alimentar programas de modelagem, auxiliem na busca e na recuperação de petróleo do subsolo.

Pretende continuar nos estudos relacionados a esse tema?

Paulo: Sim. Trabalhamos a modelagem de uma forma mais ampliada, tendo uma linha de pesquisa sobre o assunto que está em expansão aqui na Unisinos.

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