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23/04 - Dia mundial do livro e dos direitos do autor

 

O dia de hoje foi escolhido pela UNESCO para homenagear o livro e os direitos de autor.

Coincidência ou não, no dia 23 de Abril comemoramos o nascimento e morte de Shakespeare.

Dedicar um dia especial ao livro autentica a importância da sua existência para seus autores e para a humanidade.

Objeto importante na construção de grandes Bibliotecas e do desejo de colecionadores,  o livro se torna raro e especial por muitos motivos.

Sua raridade vai desde o exemplar mais antigo até aquele item julgado como único existente.

Numa época que se discute a viabilidade da permanência da sua publicação em papel, voltar o olhar para obras publicadas há muitos anos geram curiosidades.

Um exemplo próximo que temos na Unisinos é o acervo bibliográfico que compõe o Memorial Jesuíta.

Ainda pouco conhecido, tem as causas prováveis da sua impopularidade pelas limitações na leitura de seus textos em idiomas estrangeiros, no acesso que se dá mediante solicitação ou porque alguns possam pensar que os assuntos ali tratados não possam suprir pesquisas no presente.

Ledo engano. Esta coleção abriga obras que tratam de assuntos diversos, muito delas podendo servir para estudos comparativos com o conhecimento exercido atualmente.

Uma das tarefas mais difíceis para quem trabalha com este acervo é responder questões que giram em torno da escolha das obras mais importantes, ou do exemplar mais valioso ou o mais procurado.

Um livro neste acervo faz parte de um pacote. Por isso ele sozinho nunca vai definir todo o conjunto a que pertence. 

Um livro raro não conta apenas a história que suas páginas comportam, ele pode mostrar a trajetória que fez até chegar a esta Biblioteca através dos selos de ex-proprietários, das anotações ao longo de suas páginas e das rasuras provenientes de censura.

O livro mais antigo deste acervo, o “Repertorii Totius Summe Domini Antonini Archiepiscopi Florentini Ordinis Predi”, de Santo Antonino, Arcebispo de Florença, foi impresso na França no ano de 1496. Chamamos por incunábulo os primeiros livros impressos e este exemplar é conterrâneo à Bíblia de Gutenberg.

Trata-se da reunião dos sermões proferidos por este Frei Dominicano, que viveu entre os séculos 14 e 15, e dedicou toda sua vida à reforma da Ordem Dominicana.

Seu texto é apresentado em duas colunas, em caracteres góticos e letras capitulares em azul, vermelho e preto. 

  

 

Um livro igualmente raro é o “Liber Exercitiorvm Spiritvalivm triplicis viae”, de Jean-Michel de Coutances, que versa sobre teologia ascética e mística e foi impresso na Alemanha em 1599. 

Na folha de rosto consta o selo do impressor alemão Johannes Gymnicum, que viveu em Colônia no século 16, e ficou conhecido pelo unicórnio impresso em sua marca, por isso o apelido de Monocerote acompanhava seu nome em todas suas impressões.

 

 

Outro autor importante que encontramos nesta coleção é o Jesuíta Drexel, que compunha obras de cunho devocional e seus livros eram ricamente ilustrados, procurando assim explicar toda a simbologia que empregava em seus sermões sobre verdade, eternidade e moral cristã, como na obra “Reverendi Patris Hieremiae Drexelii e Socie: Iesu. Opera Omnia [...]” impressa na Alemanha em 1680.

 

 

 

Apresenta belíssimo frontispício ilustrado por Philippus Harpff, representando o céu e o inferno em páginas opostas, constando nesta apresentação também o retrato do autor.

 

Podemos citar a “Encyclopedie Française” como a pioneira na divulgação do conhecimento restrito às academias de ciência para o público leigo no século 18 e, por isso, foi uma das causas da proibição de sua publicação. Compreende 28 volumes na nesta primeira edição não censurada como foram suas precedentes.

Datados entre 1751 e 1772, seus volumes foram publicados durante o reinado de Luís XV, período que ocorreu a expulsão dos Jesuítas da França e Espanha, vinda culminar com a dissolução da Companhia de Jesus.

Obra controversa e grandiosa teve sua organização iniciada por Denis Diderot e Jean Le Rond d'Alembert, mas contou também com contribuições de Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e inúmeros outros iluministas, além de ilustradores como Louis-Jacques Goussier, Bonaventure-Louis Prévost e Charles Nicolas Cochin.

A página da abertura do primeiro volume merece destaque, pois nela consta belíssima ilustração calcográfica, desenhada por C. N. Cochin fils e gravada por Bonaventure-Louis Prévost, com datação em 1772. A figura central desta ilustração é a Verdade, representada por uma mulher com um véu sobre o rosto e dela emana uma luz, símbolo do Iluminismo, à direita estão duas personagens femininas que tentam lhe retirar o véu, representando a Razão e a Filosofia e, à esquerda, está a Imaginação que se dispõe a coroar e embelezar a Verdade.    Aos pés da Verdade, com a Bíblia aberta ao colo, encontra-se a Teologia. Em seguida, em direção à margem inferior aparecem várias personagens que representam, sucessivamente, a Memória, a Escrita, a Geometria, a Física, a Ótica, a Astronomia, a Botânica, a Química e a Agricultura. As artes são representadas pela Poesia, pela Arte de Imitação (Teatro), pela Pintura, Escultura, Música e Arquitetura. Bem na base da ilustração aparecem várias outras profissões que emanam das artes e ciências. 

A Encyclopedie é apontada como um dos livros que mais influenciaram o pensamento humano.

   

 

Atualmente temos outros meios de divulgação do conhecimento além das páginas impressas.

Seja qual for sua apresentação, uma das coisas que tornam a vida mais interessante é descobrir novas ideias dentro de um livro.

 

Texto elaborado pela bibliotecária Susana Holtz.