Onde há oportunidade, há esperança

Projeto superação da pobreza, economia solidária e cidadania - Programa tecnologias sociais para empreendimentos solidários

Quando Alessandro dos Santos Alves se viu desempregado, a perspectiva de sair às ruas como catador não parecia animadora, mas era a única opção disponível naquele momento. “Se eu fosse para uma empresa, só receberia o salário inteiro depois de um mês. Com filhos pequenos em casa, eu não podia esperar isso tudo”, conta. Hesitante, porém determinado, ele seguiu os passos da mãe, também catadora, e foi atrás de um recomeço – uma decisão que o levaria à gestão de um dos galpões da Cooperativa Univale.

Alessandro é uma das pessoas a participar do Programa Tecnosociais, uma incubadora de empreendimentos econômicos solidários. O encontro com a iniciativa aconteceu por meio do Fórum dos Catadores de São Leopoldo, anos atrás, quando ele e outros profissionais autônomos se uniram para criar uma associação. A assessoria do Tecnosociais começou ali: na composição do grupo, na elaboração de estatuto e regimento interno e mesmo no desenvolvimento de planilhas de controle.

Com o apoio do programa, a associação tomou forma e foi conquistando um pouco a cada dia. Os catadores participaram de cursos e projetos, receberam orientações sobre relacionamento profissional e gerenciamento de conflitos, aprenderam noções de informática e técnicas de reciclagem. Até que uma nova oportunidade apareceu: para atender à demanda do município, a Univale passaria a ser uma das cooperativas responsáveis pela coleta seletiva de São Leopoldo. E assim o grupo progrediu.

[ Funcionárias durante a coleta seletiva Crédito: Rodrigo W. Blum

“A partir desse contrato com a Prefeitura, as coisas começaram a melhorar. Nós ficamos encarregados pela gestão da rota e do caminhão, passamos a emitir nota fiscal como prestadores de serviço e recebemos o convite para abrir um galpão em Novo Hamburgo”, relembra Alessandro, que logo assumiu o comando da unidade recém-inaugurada.

Uma família de cooperados

Se é com alegria que Alessandro conta como chegou até aqui, é com ainda mais satisfação que fala sobre sua equipe: “O legal é que cada cooperado tem uma história de superação. Uns moravam na rua ou em albergues, outros tinham problema com a Justiça ou não conseguiam emprego. Conseguimos dar oportunidade a todos”.

[ Retrato de Alessandro Santos Crédito: Rodrigo W. Blum

Bruna Paola Izaguirre faz parte dessa equipe e sabe bem o que o trabalho significa. Para ela, é a chance de retomar a guarda dos filhos. “Eu estava em uma situação em que não conseguia nem ficar com eles, e agora eles estão morando comigo”, comemora a catadora.

A família de cooperados, como eles mesmos chamam, é grande – 24 pessoas atendendo nos dois galpões – e tem um coração do tamanho do mundo, sempre disposto a dar assistência a quem precisa. Prova disso é a prateleira cheia de roupas que os catadores encontram, separam e colocam à disposição da comunidade. Quem quiser pode ir lá buscar uma peça, que não haverá cobrança alguma.

Projetos de vida

Hoje, a Cooperativa Univale já não é mais incubada do Tecnosociais, embora continue contando com o suporte do programa sempre que necessário. As coisas mudaram para Alessandro. “Agora é outro momento da vida. Eu vivo desse processo, não sobrevivo dele”, comenta.

Outros empreendimentos como a Univale seguem sob a assessoria do Tecnosociais. No ano que passou, o programa promoveu oficinas, apoiou fóruns, participou de feiras, captou recursos e esteve o tempo todo presente para acompanhar os incubados. O Tecnosociais acredita nas ideias. Por isso, contribui para torná-las projetos de vida.

*Esta matéria foi produzida em 2017 e refere-se ao Balanço Social 2016.

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