Ventiur acelera startup que busca combater pobreza menstrual

Em visita ao Tecnosinos, jovens empreendedores apresentaram a solução inovadora

Crédito: Pedro Barbosa/Tecnosinos

O que faz um empreendedor ter sucesso? Seu objetivo? Ter um produto inovador? Receber investimento? Para o fundador e diretor executivo da Ventiur, Sandro Cortezia, o mais importante são as pessoas. “Para empreender, é preciso ter garra, energia. É a vontade de continuar que vai fazer a diferença para uma startup”. 

E foi justamente essa persistência que chamou a atenção da aceleradora Ventiur, que tem sede no Parque Tecnológico São Leopoldo – Tecnosinos, para um projeto, criado por jovens em situação de vulnerabilidade social, que participam do Instituto Ascendendo Mentes, em Porto Alegre. A aproximação começou na Gramado Summit, que propôs uma votação entre três propostas de jovens que participam da instituição. O projeto mais votado foi a ideia da HigiTech, startup que busca resolver a falta de acesso das comunidades a produtos básicos de higiene pessoal. Na última terça-feira, 31/05, teve início o processo de Aceleração Pocket da Ventiur, desenvolvido especialmente para a startup. 

Cortezia explica que a ideia inicial era apoiar o projeto com sessões de mentoria. Porém, ao conhecer um pouco mais sobre a realidade dos jovens empreendedores, percebeu que era possível fazer mais. “Criamos um modelo de aceleração pocket, que vai ajudar a transformar essa ideia em negócio. Para nós é uma forma de aproveitar um pouco da nossa experiência para ajudar esses jovens, em situação de extrema vulnerabilidade, a desenvolver sua capacidade empreendedora e materializar o projeto que estão querendo fazer”. 

A CEO do Instituto Ascendendo Mentes, Nina Cardoso, ressalta que os alunos que frequentam a instituição são incentivados a ter ideias que ajudem a transformar a realidade local. Nina entende que há diversos projetos que buscam capacitar o jovem para o mercado de trabalho e a área de tecnologia. Porém, há outras coisas que precisam ser resolvidas antes. “Trabalhamos com jovens que dizem não para inúmeras coisas todos os dias, que enfrentam problemas dentro de casa. E, apesar das dificuldades, eles escolhem estar lá no Instituto”.  

O Diretor de Operações da Ventiur, Guilherme Kudiess, explica que a Aceleração Pocket terá duração de dois meses, com quatro sessões de mentoria, onde serão trabalhadas questões como: MVP; Validação e modelo de negócios; Time e Autoconhecimento; Apresentações e Pitch. Ele entende que as sessões vão auxiliar a preparar os jovens para um futuro melhor. “O empreendedor não pode ter medo de errar. Estamos aqui para ajudar esses jovens a adquirir uma capacidade de empreender”. 

Atuando na área de Relacionamento com Startups e Empreendedorismo no Tecnosinos, Isabela Giongo, apresentou o Parque e os ambientes promotores de inovação, como a Incubadora da Unisinos e os institutos tecnológicos. “A HigiTech possui uma ideia que vai ajudar a melhorar a vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Me chamou atenção o fato de o grupo ter quatro meninos. Eles falam, de forma natural e espontânea, sobre um tema que é um tabu nas escolas”. 

A Head de Pessoas da Ventiur, Cris Pellegrin, destaca o potencial da HigiTech. “Em nosso core acreditamos nos empreendedores e seus negócios. Quando nos deparamos com um projeto social que nasce com um propósito tão incrível, é impossível não darmos nosso total apoio”. 

Ao final do processo de Aceleração Pocket, será realizada um evento de encerramento e certificado de participação, com apresentação dos resultados do projeto, na sede do Instituto Ascendendo Mentes. 

Conheça a HigiTech 

De acordo com o Relatório Livre para Menstruar, produzido pelo movimento Girl Up, com apoio da Herself, uma em cada quatro adolescentes brasileiras não tem um pacote de absorventes à mão quando a menstruação chega. Quase 20% não tem acesso à água em casa e mais de 200 mil estudam em escolas com banheiros sem condições de uso. É a chamada pobreza menstrual, que afeta, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 500 milhões de mulheres em todo o mundo. 

Buscando criar uma alternativa para resolver esse problema sensível, os jovens empreendedores Bruno Diniz, Bruno Gaspari, Guilherme Ferraz, Giovanna Ferraz e Theylor Farias dos Santos, tiveram a ideia da startup HigiTech. O projeto, criado no Instituto Ascendendo Mentes, visa trazer dignidade menstrual para adolescentes e mulheres do bairro Glória, em Porto Alegre.  

Giovana destaca que muitas meninas deixam de ir à escola no período menstrual ou, acabam tendo vergonha de pegar absorventes nas campanhas realizadas em ambientes abertos. “É um tabu que enfrentamos. Por isso, pensamos em disponibilizar nos banheiros femininos, onde elas se sintam mais à vontade para pegar o produto”. 

A HigiTech quer resolver o problema através de uma rede colaborativa. Ou seja: criar um site para receber doações, a fim de auxiliar mulheres em situação de vulnerabilidade social. Com os recursos arrecadados, a startup pretende comprar absorventes e distribuir para escolas, institutos e ONG’s. Estes, disponibilizariam suportes de absorventes nos banheiros femininos. As instituições, por sua vez, enviam relatórios de uso e reposição. 

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