Traços Urbanos promove integração entre universidade, poder público e setor privado 

Crédito: Shutterstock

Em uma iniciativa que uniu universidade, poder público e setor privado, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos promoveu o Concurso Acadêmico de Projetos Traços Urbanos, em parceria com a Secretaria de Inovação de Porto Alegre, a Penz Revestimentos e o Instituto Caldeira. A ação teve como objetivo fomentar a inovação urbana e a sustentabilidade, estimulando estudantes a desenvolver soluções criativas e aplicáveis para desafios reais do espaço público. 

O concurso propôs a elaboração de um projeto de desenho para um trecho de calçada com o uso de placas permeáveis, incorporando princípios de acessibilidade, conforto urbano e drenagem sustentável. Inserida no projeto de regeneração do entorno do Setor Caldeira, no Quarto Distrito, a iniciativa buscou valorizar a paisagem e a ambiência urbana de Porto Alegre. As propostas foram avaliadas por voto popular e por uma comissão técnica, com base em critérios de criatividade, sustentabilidade e qualidade construtiva. 

Rios de gente, barcos de papel 

O projeto presta homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, símbolo tradicional da região, e à resiliência urbana de Porto Alegre diante das enchentes de maio de 2024. A estudante do sexto semestre, Júlia Pianegonda, representou esses temas por meio de formas que remetem a barcos entrelaçados, simbolizando união e solidariedade. A proposta traduz, em um desenho simples e funcional, o sentimento coletivo de reconstrução e esperança. 

Segundo Júlia, o maior desafio foi equilibrar o simbolismo do projeto com a viabilidade técnica e a fácil reprodução das peças. “Quis trazer esse sentimento de união para a revitalização dessa área tão importante para a história da cidade”, comenta. 

Ela também destaca o papel da universidade no processo criativo. “Sem o apoio da Unisinos e dos professores, especialmente da professora Joana Paradeda, nada disso seria possível. Quando se tem mentores competentes e amigos como os da Unisinos, se chega muito longe.”  

Presente, passado e futuro 

 Desenvolvido pelas estudantes Isabela Marini e Valentina Castilla, o projeto propôs a revitalização de um trecho da Rua Lauro Muller, no bairro Humaitá, integrando acessibilidade, estética e sustentabilidade ambiental. “Queríamos criar um desenho urbano que contasse a história e a transformação da região, unindo o passado industrial, o presente de reconstrução e o futuro cheio de possibilidades”, explica Isabela. 

A dupla utilizou elementos simbólicos no traçado da calçada: engrenagens abstratas para representar o passado operário; uma escada estilizada, inspirada no logotipo do Instituto Caldeira, para simbolizar o presente; e flores geométricas que remetem ao futuro, associadas à esperança e à criatividade. “Foi um desafio e tanto, principalmente pelo tempo curto que tivemos — apenas uma semana do início até a entrega. Mas foi uma ótima oportunidade de aprender sobre gestão de tempo e aplicar na prática o que aprendemos em aula”, completa Valentina. 

Atualmente no quarto semestre, as estudantes ressaltam a importância da formação acadêmica. “A cadeira de Práticas Urbanas I: Paisagismo, com a professora Joana Paradeda, foi essencial para o desenvolvimento do projeto. Desde a escolha da vegetação até a definição do mobiliário, todo o aprendizado fez diferença. Foi muito bom ver nosso trabalho sendo reconhecido”, afirma Isabela. 

Galpão Industrial 

Outra proposta premiada foi a de Giovanna de Souza, com o trabalho Galpão Industrial, que alia memória e inovação no desenho urbano. O projeto propôs a revitalização de um trecho de calçada no Quarto Distrito, unindo passado e futuro por meio de uma composição inspirada na história industrial da região e em sua recente transformação em polo criativo. “A ideia foi valorizar a estética e a identidade do lugar, utilizando apenas peças de piso permeável em duas tonalidades de cinza, que remetem às antigas fábricas e galpões locais. Quis criar um espaço sustentável, acessível e acolhedor”, explica Giovanna.  

Durante o processo, ela enfrentou o desafio de traduzir a identidade industrial da região em uma peça funcional e executável. “Foi um período curto de desenvolvimento, então precisei testar proporções, tonalidades e formas até encontrar o equilíbrio entre estética e viabilidade técnica”, conta.

No quarto semestre do curso, Giovanna reforça o papel da formação acadêmica. “Os conhecimentos adquiridos foram essenciais, principalmente nas disciplinas de urbanismo, representação e materialidade”, afirma. “O acompanhamento da professora Joana Paradeda foi fundamental para transformar minhas ideias em um resultado coerente.” 

 Formação que ultrapassa os muros da universidade 

 Segundo a professora Joana Paradeda, a participação dos alunos no concurso configurou-se como uma experiência educacional para além dos espaços tradicionais de formação, alinhada à proposta da Unisinos de universidade em extensão. “A parceria com diversas instituições trouxe uma demanda real e desafiadora para os alunos, que precisaram articular pesquisa, raciocínio crítico e aplicação prática de conceitos. Além disso, o curto prazo exigiu trabalho em equipe, comunicação eficiente e gestão do tempo”, explica. 

Para Joana, a experiência foi enriquecedora tanto para os alunos quanto para ela própria. “Superar obstáculos, lidar com feedbacks da banca técnica e com o resultado da votação popular contribui para o desenvolvimento de resiliência e autoconfiança, preparando os estudantes para os desafios acadêmicos e profissionais”, conclui. 

O nosso website usa cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização.

Aceitar