Professor da Unisinos integra pesquisas apresentadas no maior congresso mundial de AVC

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Duas pesquisas desenvolvidas em parceria por docentes da Unisinos, da Unifesp e pelo IMCELER foram apresentadas e publicadas no World Stroke Congress, principal congresso mundial dedicado ao acidente vascular cerebral (AVC), realizado recentemente em Barcelona. Os estudos também foram publicados no International Journal of Stroke, periódico científico da World Stroke Organization. O reconhecimento internacional evidencia o fortalecimento da pesquisa aplicada em saúde digital conduzida na universidade e sua contribuição para soluções que ampliam o acesso ao tratamento especializado no país.

Criado por neurologistas do Rio Grande do Sul, o programa TeleAVC® surgiu com o objetivo de democratizar o acesso ao tratamento especializado do AVC em regiões sem cobertura neurológica contínua. O que iniciou como uma iniciativa regional tornou-se uma solução de alcance nacional, oferecendo suporte clínico ininterrupto a mais de 17 hospitais distribuídos pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.

Para o professor do curso de Medicina da Unisinos, Diógenes Zan, integrante do grupo de pesquisadores, os estudos demonstram que a telemedicina estruturada pode alterar significativamente o cenário do tratamento do AVC no Brasil. “Esses estudos trazem evidências concretas de que é possível ampliar o acesso ao atendimento especializado mesmo em regiões que não dispõem de neurologistas presenciais 24 horas por dia. Gerar dados nacionais robustos é essencial para orientar políticas públicas e reduzir desigualdades assistenciais”, afirma.

Evidências clínicas consolidadas

O estudo “Telestroke Implementation in a Middle-Income Country: A Multicenter Report from Seven Stroke-Naïve Hospitals” avaliou os primeiros seis meses do TeleAVC® em sete hospitais gaúchos que nunca haviam realizado trombólise intravenosa, tratamento indicado para AVC isquêmico agudo.

Foram analisadas 329 teleconsultas, das quais 220 eram casos de AVC isquêmico. Entre os pacientes elegíveis, 48,6% receberam trombólise, índice muito superior à média nacional. As complicações hemorrágicas foram de 7,5%, compatíveis com centros de referência internacionais.

Segundo Zan, o impacto clínico observado confirma a eficiência da solução: “O TeleAVC transforma cenários antes considerados inviáveis em ambientes capazes de oferecer tratamento de excelência. Observamos recuperação neurológica expressiva em pacientes submetidos à trombólise orientada remotamente pelo programa.”

Já o estudo “Satisfaction of Non-Neurologist Physicians with Telemedicine Support for Acute Stroke in Brazil” avaliou a percepção de médicos das emergências que utilizam o TeleAVC® no atendimento de casos agudos. Os resultados mostram elevado grau de satisfação com o serviço:

  • 94,3% consideram a plataforma fácil de usar
  • 91,4% relataram melhora imediata no cuidado ao AVC
  • 88,6% referiram maior confiança nas condutas
  • 82,2% perceberam aumento da segurança profissional

Para os plantonistas, a combinação de suporte técnico contínuo, agilidade na tomada de decisão e respaldo especializado tem sido determinante para qualificar o atendimento em situações de alta complexidade.

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Impacto institucional e produção científica

A participação da Unisinos nos estudos reforça o papel da universidade na produção de conhecimento aplicado à saúde digital. Zan destaca que gerar dados robustos produzidos no Brasil é fundamental para orientar decisões estratégicas no enfrentamento do AVC, uma das principais causas de mortalidade e incapacidade no país.
“Ter pesquisas brasileiras, com participação direta de docentes da Unisinos, publicadas no International Journal of Stroke e apresentadas no principal congresso mundial da área é altamente significativo. Demonstra que nosso ambiente acadêmico está comprometido com problemas reais da sociedade e com soluções inovadoras de impacto nacional.”

Para o professor, o reconhecimento internacional também incentiva novos pesquisadores e fortalece a atuação institucional na área de saúde digital. “A Unisinos, em parceria com a Unifesp e o IMCELER, ocupa um espaço estratégico na inovação em telemedicina. Essa colaboração mostra que universidades gaúchas podem liderar a produção de evidências de alto nível e desenvolver soluções custo-efetivas para o país.”

Ele também reforça que inciativas desenvolvidas no Sul do Brasil podem atingir projeção nacional quando estruturadas com rigor científico e cooperação institucional. A parceria entre Unisinos, Unifesp e IMCELER consolida um modelo que integra academia, assistência e tecnologia, gerando evidências capazes de transformar modelos de cuidado. “É uma demonstração de que universidades gaúchas podem liderar o desenvolvimento de soluções escaláveis para o sistema de saúde brasileiro, contribuindo para reduzir desigualdades e formando profissionais preparados para cenários complexos.”

O reconhecimento alcançado também reverbera na formação de estudantes da Universidade. “Para os alunos, é a prova de que a ciência aplicada transforma sistemas de saúde. Para quem inicia a carreira científica, é um convite para produzir conhecimento relevante, com rigor metodológico e compromisso social.”

Os resultados apresentados no World Stroke Congress reforçam o potencial do TeleAVC® como ferramenta nacional de democratização do tratamento do AVC. “O TeleAVC é uma iniciativa gaúcha que se consolidou com base científica sólida e hoje se projeta nacionalmente. Valorizar essa origem é reconhecer a força da inovação regional e o protagonismo brasileiro no cenário global”, destaca Zan.

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