Entregadores de aplicativo de São Leopoldo trabalham cerca de 70h semanais, revela pesquisa

Crédito: Getty Images

Jornadas de trabalho de 66 a 72 horas semanais, sem um contrato formalizado com as empresas e sem o fornecimento do material de trabalho. Essa é a realidade de 11,4 milhões de entregadores de aplicativo no Brasil, incluindo os entrevistados pela nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pela Unisinos, Pâmela Tamara Gomes de Oliveira, que abordou a realidade destes profissionais de São Leopoldo na sua pesquisa.

Durante o levantamento, ela ouviu 14 entregadores que atuam em São Leopoldo. Destes, 13 são homens e apenas uma é mulher, com idades variando entre 16 e 52 anos.

Pâmela explica que existem duas categorias de trabalhadores dentro do aplicativo de entrega que ela escolheu pesquisar: os operadores logísticos, que têm um ‘contrato’ com a plataforma e trabalham cerca de 66 horas por semana e os entregadores nuvem, que acessam o aplicativo quando querem ou podem, mas que acabam trabalhando, em média, 72 horas semanais. “Para ser operador logístico, é preciso ter uma boa avaliação no app. E na verdade, o ‘contrato’ é apenas um aceite aos termos de uso. O aplicativo não trabalha com contratos trabalhistas com seus entregadores”, destaca a mestre em Saúde Coletiva.

Aliado à carga horária excessiva, os entregadores estão sujeitos às notas dos usuários para que o seu trabalho seja reconhecido. Se qualquer pessoa, por qualquer motivo, decidir dar uma nota baixa ao entregador, ele pode sofrer sanções da plataforma e ser impedido de trabalhar. Por serem trabalhadores autônomos e não estarem contemplados com as condições das Leis Trabalhistas, eles não conseguem reivindicar os seus direitos.

Um dos motivadores de Pâmela para escolher o tema foi a pandemia, que obrigou muitos destes trabalhadores a migrarem para esse sistema informal. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva, em 2021, as taxas de desemprego e o fechamento de diversos estabelecimentos durante a pandemia fizeram com que 11,4 milhões de brasileiros recorressem aos aplicativos para garantirem parte ou a totalidade das suas rendas. Além disso, a mestre ainda acrescenta que os entregadores, muitas vezes, acumulam dívidas para trabalhar: “Eles têm que comprar a moto e a mochila. Porque o aplicativo não fornece nada”.

Esses são alguns dos pontos abordados pela nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pela Unisinos, Pâmela Tamara Gomes de Oliveira, na sua pesquisa “Plataformas digitais de entrega de alimentação: condições de trabalho e riscos para saúde”.

Confira também o infográfico que preparamos sobre a realidade dos entregadores de aplicativo de São Leopoldo, com base na pesquisa.

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