Debate sobre religiões e abolição da escravatura

Atividade esclarece dúvidas de alunos sobre ambos os temas

Em alusão à Abolição da Escravatura, comemorada nesta quarta-feira, 13 de maio, líderes do Grupo Gestando o Diálogo Inter-religioso e o Ecumenismo (GDIREC) foram convidados, pela professora Adevanir Pinheiro, a falar sobre suas doutrinas na aula da atividade acadêmica Afrodescendentes e América Latina. A conversa ocorreu pela manhã, no campus de São Leopoldo, e contou com a participação de representantes da religião de matriz africana (Mãe Dolores e Pai Dejair de Ogum), do espiritismo (José Carlos Bandeira) e do catolicismo (Inácio Spohr, também coordenador do grupo).

De acordo com Adevanir, oportunizar essa experiência dentro da universidade era sonho antigo. A data, portanto, veio a calhar: “Estamos fortalecendo a caminhada conjunta do GDIREC e do NEABI [Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas] e trazendo essa realidade à sala de aula, para estudantes que estão dispostos a dialogar”, comentou.

Na abertura do encontro, Inácio apresentou um histórico da atuação do grupo e destacou a importância do reconhecimento do valor das religiões. Também compartilhou dados sobre as religiosidades no Vale do Sinos – informações essas que foram mapeadas em 2014 e publicadas pelo Instituto Humanitas Unisinos no decorrer do ano.

Dando sequência à conversa, Pai Dejair de Ogum fez uma explanação sobre a religião de matriz africana e respondeu a perguntas dos alunos, entre elas, a questão do “sacrifício” de animais. “Em nossos atos litúrgicos, temos um processo de sacralização que torna a carne sagrada para o consumo e nos desperta uma energia”, disse.

Sobre o assunto, a estudante Michele Loth, da licenciatura em Biologia, comentou: “Eu sou vegetariana e não sabia que as pessoas dessa religião comiam a carne dos animais. Agora que sei, entendo os motivos. É uma situação diferente daquela de comer só pelo prazer”.

Por fim, José Carlos complementou o debate pelo viés kardecista: “Allan Kardec [codificador do espiritismo] questionou guias espirituais sobre essa questão e eles lhe responderam que, no estágio material em que estamos, a proteína animal ainda é necessária para a alimentação do corpo”.

Em relação ao espiritismo, o convidado ressaltou que o foco da doutrina consiste nos ensinamentos morais de Jesus, porque sobre essas questões “em qualquer época, em qualquer momento, podemos conversar com qualquer pessoa, não importando a religião”. Ele também ressaltou que, apesar das diferenças pontuais, todos os líderes religiosos que participam do grupo concordam que “Deus é bom, justo, amável e misericordioso”.

Em sua exposição, Mãe Dolores falou sobre o significado do 13 de maio e do racismo velado que se mantém até então: “Hoje é dia de sentar e refletir sobre tudo o que a população afro sofre, e sofre calada”.

O GDIREC proporciona condições e espaços para o desenvolvimento do diálogo entre as múltiplas práticas religiosas. Saiba mais no site da iniciativa.

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