Capitalismo Consciente é tema de painel da Amcham

Felipe de Mattos Zarpelon participou de evento e conta como foi o debate

Durante o mês de agosto, o aluno Felipe de Mattos Zarpelon participou de um painel, oferecido pela Amcham, com Raj Sisodia, cofundador do Movimento Capitalismo Consciente e Professor de Marketing na Universidade de Bentley e Carlos Bremer, consultor, que trabalha a cadeia de valor em suas consultorias. Os dois palestrantes trouxeram contribuições para o entendimento do Capitalismo Consciente. Abaixo, você confere a entrevista com Felipe, que destaca os principais pontos dessa experiência.

O que o palestrante abordou sobre o movimento Capitalismo Consciente?

O Capitalismo Consciente vem como uma alternativa para a sustentabilidade não só das empresas, mas da sociedade de uma maneira geral. Os palestrantes abordaram que em determinado momento da história o capitalismo perdeu sua principal essência de ser um meio para que a sociedade e as empresas pudessem atingir objetivos coletivos e passou a tratar pessoas como objetos para o único fim de acumular riquezas por parte de uma pequena parcela da população. Este fato criou um tremendo lapso de confiança entre empregados e empregadores e este foi o caminho para a formação de movimentos contrários, como o marxismo e o comunismo. Este dualismo foi válido, pois trouxe ajustes importantes na relação empregado-empregador, mas, segundo a visão dos palestrantes, temos hoje um dualismo que vive trocando acusações e não conversa para que se chegue a uma solução conjunta. O Capitalismo Consciente seria uma forma de melhorar esta relação e fazer com que a empresa torne-se um meio para que todas as pessoas relacionadas a ela possam se desenvolver e alcançar objetivos coletivos sem o prejuízo de nenhuma das partes.

Para que isto seja possível, é necessária uma mudança no modelo mental das organizações. Segundo os palestrantes, hoje em dia temos um modelo mental extremamente quantitativo, que olha somente para o desempenho financeiro da empresa e este modelo é que não permite que organizações foquem no que realmente importa: o bem estar de todas as pessoas envolvidas ou afetadas por suas operações.

Como isso melhora no desempenho de empresas?

Segundo Raj, a grande lacuna para o desenvolvimento das empresas neste novo contexto está no engajamento das pessoas que nelas trabalham. Dados apresentados no evento mostram que apenas 30% das pessoas são realmente engajadas naquilo que fazem. Assim, de uma maneira geral, hoje sete em cada 10 pessoas não estão realmente pondo seu melhor esforço para que a empresa se desenvolva e apresente resultados melhores. Neste sentido é que existe uma grande oportunidade para a melhoria no desempenho das organizações e a chave para esta evolução está na forma como as empresas lidam com seus funcionários.

A engrenagem que falta para esta mudança é o que Raj chama de Truly Human Leadership, que trata basicamente de uma forma de enxergar a liderança centrada no potencial e no talento de cada pessoa. Para isto, três fatores devem ser levados em consideração:

– Cuidado: no sentido da liderança conhecer e realmente se importar com as necessidades e objetivos das pessoas;

– Inspiração: desenvolver o apreço e a vontade de alcançar objetivos desafiadores;

– Celebração: reconhecer e recompensar a cada vez que um objetivo é alcançado.

Raj diz que não há um trade off entre liderança centrada nas pessoas e resultados financeiros, mas ambos são complementares.

Para você, o que pode ser aproveitado dessa conversa, como forma de legado?

Em momentos de crise de confiança, como o que vivemos hoje, é reconfortante observar que existem novos modelos de desenvolvimento mais sustentáveis e democráticos. Alguns exemplos trazidos tanto por Raj, como pelo Bremer, mostram que já estamos vivendo este processo de mudança e que não há como retroceder. Raj foi bastante categórico em uma de suas observações dirigidas a nós empresários ou futuros empresários, segundo ele “o capitalismo é baseado na democracia, mas as empresas atuais não são democráticas, mas sim ditatoriais”. Acredito que este seja o grande legado desta conversa, precisamos transformar empresas em democracias e isto é o que trará desenvolvimento econômico e social.

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