Acolhimento e capacitação

Unisinos promove ações para integração dos refugiados venezuelanos na comunidade

Crédito: Lorenzo Panassolo

Ao longo do ano de 2018, o Brasil recebeu um grande grupo de refugiados venezuelanos, que imigraram para várias regiões do país. Uma das cidades que recebeu um grande grupo de pessoas em situação de refúgio foi o município de Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre. Em conformidade com o princípio formativo humano e profissional, tanto dos refugiados quanto dos alunos e professores da Universidade, a Unisinos desenvolveu uma série de ações para acolher e capacitar essas pessoas, em parceria com o município de Esteio.

“Temos um grupo muito legal e empenhado no trabalho de construção de ações pró pessoas em situação de refúgio no Rio Grande do Sul.  O grupo é formado por professores do GIL, Letras, Pedagogia, Relações Internacionais, Gastronomia, Filosofia, Comunicação e Direito, entre outros. Dos projetos que temos em andamento, cito: Aulas de português; Hora do conto (Quem conta um conto estreita um laço); Inclusão escolar; Trabalho pedagógico com bebês de 0 a 3 anos e mães; Produção de materiais para documentários, reportagens; Campanhas junto aos empresários e à sociedade; Site de banco de talentos; Orientações de projeto aplicado nos cursos de especialização. Além disso, há inúmeras iniciativas de professores junto às suas turmas, bem como pesquisas e outras ações que ocorrem sob a coordenação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello. E, na chegada dos refugiados venezuelanos, foram feitas ações de recolhimento e distribuição de alimentos e roupas, lideradas pela Unisinos”, conta a decana da Escola de Humanidades, Maura Corcini Lopes.

Crédito: Lorenzo Panassolo

A política de atenção comunitária aos refugiados envolve a articulação e sistematização das ações desenvolvidas na Universidade que são coordenadas pela decana, juntamente com a professora Isamara Alegretti. “Nosso objetivo maior é promover o acolhimento humanitário através de ações de ensino, pesquisa e extensão junto aos grupos de refugiados alocados no RS, com vistas tanto ao seu desenvolvimento humano e a sua integração social, econômica e cultural, quanto à formação dos próprios professores e alunos da Unisinos. Portanto, as ações junto aos refugiados e as pesquisas sobre o tema desenvolvidas na Universidade são anteriores a vinda dos venezuelanos, mas se intensificam e ganham mais visibilidade com a chegada deles em Esteio”, explica Maura.

A decana afirma que um número crescente de professores e alunos estão empenhados em agir para fazer a diferença no mundo em que vivemos. “É importante ressaltar que há atividades desenvolvidas por professores de todas as Escolas. O próprio Projeto Pedagógico Institucional (PDI) desafia a comunidade acadêmica a promover ações baseadas na justiça social, tal fato mobiliza a comunidade acadêmica a buscar espaços vivos de experiência formativo-pedagógicas”, explica a professora.

Maura diz que os encontros dos alunos com os venezuelanos dependem do calendário das atividades acadêmicas e da disponibilidade das pessoas em situação de refúgio e destaca a importância dessa interação para a formação acadêmica e pessoal. “Tentamos agir de forma inclusiva, provocando cada um a pensar sobre si, seus desafios no Brasil, bem como cada professor e cada aluno envolvidos nos trabalhos a pensarem e agirem de forma ética e comprometida com a promoção da justiça social”, afirma.

Crédito: Lorenzo Panassolo

Confira abaixo a entrevista com a decana Maura Corcini Lopes:

Desde quando essas ações estão acontecendo?

As ações voltadas para os refugiados na Unisinos iniciaram há bastante tempo, desde 2012, quando a Universidade assumiu a coordenação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello. Trata-se de uma cátedra que articula uma importante parceria da Universidade com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Resultante do acordo com a ACNUR foi firmado um termo de parceria no qual estavam previstas ações de pesquisa, ensino e extensão junto aos refugiados. Os cursos de Filosofia e de Relações Internacionais da Unisinos assumiram a responsabilidade da Cátedra e passaram a desenvolver ações de pesquisa, ensino e extensão. Em 2018, a partir da vinda de refugiados venezuelanos para o município de Esteio, dá-se início à constituição de um convênio com a prefeitura do município. No convênio estão previstas ações da Universidade junto às pessoas em situação de refúgio. Nessa ação, a Unidade Acadêmica de Graduação é mobilizada, destinando recursos para a viabilizar projetos. Também a Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação incentiva o desenvolvimento de projetos aplicados nos cursos de lato senso.

Por que é importante envolver os estudantes com esse tipo de atividade?

Os estudantes são envolvidos porque acreditamos que a formação integral do profissional do século XXI, passa pela ação social ativa. Trata-se de possibilitar experiências sociais orquestradas por professores que objetivam desenvolver o compromisso ético com o outro e implicar os estudantes na leitura de realidades e no desenvolvimento de projetos capazes de darem respostas às necessidades humanas de nosso tempo. Os processos migratórios constituem um dos maiores desafios do século XXI. Temos que formar profissionais em todas as áreas capazes de agirem sobre cenários diversos e cosmopolitas.

Quantos venezuelanos foram impactados pelas ações?

Neste momento é difícil de pontuar, mas quase 100% dos venezuelanos que estão em Esteio sentiram a presença da Unisinos em suas vidas, seja porque estavam diretamente envolvidos em oficinas de português e de conto, seja porque foram mobilizados para divulgarem suas competências na busca de possibilidades de trabalho, seja porque fizeram narrativas para a produção de materiais audiovisuais.

Muitas ações foram desenvolvidas ao longo do ano. Cite algumas:

  • Desenvolvimento de pesquisas sobre o tema dos refugiados e cidadania;
  • Desenvolvimento de software de estímulo ao empreendedorismo e divulgação de talentos;
  • Produção de dados para a elaboração de mídias que visam tanto a inclusão das pessoas em situação de refúgio na comunidade e no mercado de trabalho, quanto a educação da população para um mundo mais justo e cosmopolita;
  • Produção de documentários;
  • Desenvolvimento de oficina de contos “Quem conta um conto faz um laço”;
  • Ensino de Língua Portuguesa como Língua de Acolhimento;
  • Inclusão de crianças em idade escolar nas escolas municipais de Esteio;
  • Trabalho educacional e de orientação de mães, bebês e crianças bem pequenas;
  • Mapeamento de necessidades das mulheres venezuelanas;
  • Atividades ligadas à gastronomia;
  • Visitas de turmas aos venezuelanos;
  • Pesquisas com a comunidade sobre percepção social sobre as pessoas em situação de refúgio em Esteio.

Que ações estão sendo previstas para 2019?

O desenho das ações possíveis para 2019 dependerá das necessidades das pessoas que ainda não foram deslocadas para suas próprias residências, pois muitos daqueles em situação de refúgio já conseguiram emprego e devem sair do local onde inicialmente estavam abrigados. Uma das ações que seguiremos é a de produção de materiais de sensibilização e interpelação positiva da comunidade pela Agexcom. A ideia da Unisinos é manter as ações de experiência de interação cultural, não somente com venezuelanos, mas também com pessoas de outras nacionalidades que se encontram na região de abrangência da Unisinos.

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