A presença feminina na indústria automotiva

Egressa da Unisinos compartilha experiência e os desafios na área

Crédito: Divulgação

As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. E essa realidade não é diferente na indústria automotiva. No setor historicamente dominado por homens, a presença feminina tem feito a diferença, mas ainda é preciso mais para melhorar o cenário. Esse é o sentimento de Deisi Oliveira Machado, egressa da Unisinos, que hoje atua como Project Leader na Jaguar Land Rover, no Reino Unido. “A realidade atual é melhor, mas o percentual de mulheres na indústria automotiva ainda é baixo e menor ainda em cargos de liderança”, afirma.

E ela está certa. Para se ter uma ideia, no Brasil, a participação das mulheres é de apenas 10% na vice-presidência ou presidência das empresas nessa área. Elas também sofrem com a desigualdade salarial, podendo ganhar até 34% menos do que um homem em uma mesma função de liderança. Os dados fazem parte da pesquisa “Diversidade no Setor Automotivo”, divulgada pela Automotive Business, plataforma de conteúdo voltada para o setor, em parceria com a MHD Consultoria.

Uma realidade que pode acabar afastando as mulheres desse tipo de carreira. Para Deisi, atuar na indústria automotiva não foi algo planejado. Ela iniciou a vida acadêmica no curso de Engenharia Química da Universidade e quando estava no sexto semestre, decidiu migrar para a Engenharia Mecânica. “Pedi a transferência, apesar de ouvir muito que Engenharia Mecânica não era uma profissão para mulher e que eu teria dificuldades para trabalhar na área. Senti a necessidade de provar que isso estava errado”, lembra. Durante a graduação, ela teve a oportunidade de fazer estágios em grandes empresas e, depois de formada, já garantiu seu espaço no mercado de trabalho.

Após realizar mestrado em Engenharia Mecânica pela Unisinos, Deisi fez MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), em Belo Horizonte. Em 2017, buscou uma mudança. “Meu marido e eu decidimos tentar uma oportunidade no exterior. E neste momento, com a experiência que eu tinha, minhas maiores chances de recolocação no mercado de trabalho no Reino Unido eram em empresas da indústria automotiva. Então, no mesmo ano, iniciei na Jaguar Land Rover como Lead Engineer, trabalhando com o desenvolvimento de componentes. E, em 2018, passei para o time de Coordenação de Programas como Project Leader”, conta.

Ela acredita que ser respeitada pelos colegas está entre os maiores desafios enfrentados no dia a dia da profissão. “É necessário provar que você é capaz. É preciso manter-se determinada em um ambiente onde, muitas vezes, comentários de caráter pejorativo existem sim. É difícil ter motivação para ir trabalhar todos os dias onde a mulher escuta que ela só conseguiu por conta da ajuda de um homem ou porque ela é bonita”, comenta.

Deisi acredita que a mudança de cultura é um processo longo e lento, mas que as grandes empresas, principalmente, já estão promovendo essa transformação e esse é um caminho sem volta. “O que vejo é que as empresas estão buscando empregar mais o público feminino para melhorar esse quadro. A questão de cotas para contratação de mulheres é muito delicada e infelizmente necessária enquanto houver desigualdade. É uma forma de quebrar a inércia e forçar essa mudança de cultura”, enfatiza.

A presença feminina no setor automotivo foi um dos temas debatidos na IV Semana Acadêmica da Escola Politécnica da Unisinos, realizada entre os dias 15 e 19 de outubro. Deisi esteve presente com a palestra “Quebrando paradigmas: carreira internacional e mulheres na indústria automotiva”. Na oportunidade, ela dividiu com o público sua própria percepção sobre a mulher em um ambiente técnico.

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A IV Semana Acadêmica da Escola Politécnica da Unisinos foi organizada por alunos de 27 cursos diferentes, entre graduação e pós-graduação. Ao longo de suas quatro edições, já realizou mais de 320 atividades, entre palestras, minicursos, visitas técnicas e workshops, todas abertas ao público e gratuitas. O objetivo do evento, que ocorre anualmente, é promover a interdisciplinaridade, a troca de experiências, o compartilhamento de informações e o networking, conectando alunos, profissionais e a comunidade. A cada ano, o número de participações vem aumentando. Em 2018, foram registradas cerca de 6 mil participações. Nessa edição, o número de pessoas que compareceram ao evento ainda está sendo contabilizado.

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