Programando o futuro

Aluna do Pronatec estagia na GVDasa, considerada uma das melhores empresas para se trabalhar no RS

Um dia na vida de uma estagiária que ganhou oportunidade pelo pronatec

O sorriso ainda de menina e o comportamento sutil iludem quem pensa que para entender de computador é preciso vestir a carapuça da excentricidade. Do alto de “todos” os seus 19 anos, Ana Carolina Tomaselli fala sobre lógicas de programação com a naturalidade de quem soma dois mais dois. Madura o bastante para saber o que fazer e, mais do que isso, aonde quer chegar, Ana conseguiu uma vaga de estágio na GVDasa Sistemas sem sequer ter concluído o Ensino Médio. A história dela não tem mistérios. Tem apenas dedicação.

Quando dona Maria Angelita Tomaselli leu sobre o Pronatec no jornal, foi na mesma hora sondar a filha para descobrir se ela, Ana, tinha interesse no curso de programação web oferecido pelo governo. Recebeu um sim entusiasmado em resposta: “Sempre gostei de informática, mas nunca havia tido a oportunidade de fazer uma capacitação que contemplasse a parte de códigos”.

Por quatro meses, entre o final do ano passado e o começo deste, a oportunidade enfim aconteceu: Ana integrou uma turma de 34 estudantes de escolas públicas de São Leopoldo que assistiram a aulas na Unitec, no campus da Unisinos. Com a orientação de profissionais da área, o grupo discutiu sobre comportamento profissional, HTML, lógica, inglês, bancos de dados e PHP.

Durante esse período, a aspirante a programadora conciliou o Ensino Médio regular, na escola Professor Pedro Schneider, com as atividades do Pronatec. Quando as férias chegaram, Ana já havia decidido que não interromperia as aulas na universidade em função do recesso escolar. “Não perdi nada”, considera. “As férias não me impediram de continuar estudando um assunto que tanto me interessava.”

Ainda bem. Tão logo o curso foi dado por encerrado, a jovem recebeu o retorno pelo empenho dedicado às tarefas de aula. “A GVDasa me telefonou, dizendo que havia visto meu currículo e convidando para um processo seletivo”, recorda. Essa empresa, que desenvolve uma solução integrada para o gerenciamento de instituições de ensino, o GVCollege, viu potencial promissor nas atitudes da estudante. O resultado: a primeira experiência profissional de Ana Carolina Tomaselli.

Entre módulos e variáveis

A sala branca com as clássicas estações de trabalho lado a lado será a segunda casa de Ana a partir de agora. As mesas dos colegas, com pouco mais de um metro de comprimento cada, foram personalizadas de acordo com o gosto pessoal de seus ocupantes. Livros, fotos de família, canecas e até troféu de futebol enfeitam o ambiente e contrastam com o espaço destinado a ela: na mesa da nova estagiária, por enquanto, só há o próprio computador.

Ana chegou aqui há pouco. Durante o primeiro mês de contratação, esteve em circuito pela empresa. Na semana inicial, passou pelo setor de relatórios, onde atuará oficialmente. Em seguida, conheceu a área de suporte. Depois, foi a vez de aprender sobre o sistema. Somente 30 dias após sua chegada é que terminou o treinamento e começou o trabalho para valer.

A nova rotina da estudante segue em ritmo acelerado. Todos os dias, sai cedo para ir à aula, almoça às pressas na casa da avó – que fica mais perto da escola e, portanto, é mais conveniente – e vai para o trabalho. Chega pouco antes das duas e sai só depois das seis da tarde de lá. Mas não se importa com a correria. “O ambiente é muito agradável, as pessoas me deixam à vontade”, elogia. “A empresa funciona como um sistema colaborativo, e não como uma competição.”

Apesar do silêncio típico de quem atua com atendimento ao cliente, pequenos grupos se formam pela sala, comprovando o que Ana, em pouco tempo, já teve a chance de observar: ali, todos trabalham em equipe. Ela, que meses atrás não sabia nada sobre códigos, agora se porta como gente grande diante de linhas de programação. E, se a coisa complica, é só pedir ajuda aos universitários. “Os colegas estão sempre dispostos a auxiliar.”

O formalismo pesado não tem vez na empresa. De acordo com Ana, os funcionários são livres para definir seus intervalos, podem levar lanche para as mesas e mesmo passar alguns minutos de olho nas redes sociais. São eles, os próprios colaboradores, que estabelecem seus limites. “Cada um conhece suas prioridades e sabe a importância de não abusar do direito que tem”, pontua.

Além de entender o funcionamento da organização, Ana considera importante estar atenta às fontes internas de conhecimento, ou seja, às chances de aprender com a realidade imediata de sua nova função. Ela diz que a empresa trabalha com uma lógica bastante complexa e que, por isso, a eventual dificuldade de uso do sistema por parte do cliente pode ter mais de uma solução. “Se o pessoal não prestar atenção, corre o risco de tentar resolver o problema pelo modo mais complicado, mesmo quando a resolução é simples.”

No que depender dela, atenção não será um impasse. Ana garante que sempre teve facilidade de aprender, principalmente cálculo e lógica. Fora isso, é de se imaginar que tenha motivos de sobra para não deixar a oportunidade escapar por entre os dedos. “As pessoas ficam surpresas por eu ter conseguido a vaga na área que realmente gosto sem nem ter começado o curso de Ciências da Computação ainda”, comenta. “O que eu mais quero, agora, é continuar crescendo aqui.”

O nosso website usa cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização.

Aceitar