Comunidade indígena ganha voz com o projeto “Araí Ovy”

Parceria com alunos de Produção Fonográfica e CRAV resultou em CD e documentário, que serão lançados no dia 10/11

Crédito: Divulgação

De um lado, alunos engajados em colocar em prática os ensinamentos do curso de Produção Fonográfica da Unisinos. De outro, índios Mbya-Guarani, da aldeia Ka’aguy Porã, à espera de uma oportunidade para levar sua música e cultura para outros locais. Assim nasceu o EP “Araí Ovy” (“Céu Azul”), que será lançado em novembro.

O projeto faz parte da Sigmund Records, gravadora experimental da Universidade, conduzida pelo professor Charles Di Pinto. “A maior parte dos nossos projetos buscam ter impactos sociais positivos. E, frequentemente, escolhemos trabalhar com comunidades que manifestam a riqueza da diversidade cultural”, explica.

Cada projeto da gravadora experimental é liderado por um aluno ou aluna. Desta vez, a condução ficou por conta da Marina Tabajara Brilmann. Foi a partir dela que o grupo conheceu o trabalho desenvolvido pela comunidade indígena. “A minha irmã começou a frequentar a aldeia no ano passado para participar dos mutirões da construção da escola Teko Jeapo. Ela me contou que eles estavam querendo gravar um CD do coral”, conta.

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Localizada no município de Maquiné, no litoral norte gaúcho, a comunidade indígena desenvolve diversas atividades culturais, como parte da tradição. Uma delas é o coral “Araí Ovy”, composto por adultos e crianças. Mário Benites da Silva, mais conhecido por Romário, é quem conduz o grupo. “Ele foi o responsável em escolher os músicos e cantores que participaram das gravações”, conta o supervisor e mentor do projeto, Christian Vaisz, professor do curso de Produção Fonográfica da Unisinos.

A produção começou no mês de junho e teve a duração de dois meses. As 80 horas de gravação resultaram em quatro músicas, interpretadas na própria língua da comunidade. “Elas falam sobre a nossa cultura, língua, dança e canto. Também abordam a nossa luta e a importância de se manter a nossa terra, que é sagrada”, explica Romário, responsável pelas composições. Para ele, o projeto dará a oportunidade de levar para outros locais a mensagem de resistência do seu povo.

Documentário

Além das músicas gravadas, um documentário também compõe o projeto. Realizado em parceria com os alunos do curso de Realização Audiovisual (CRAV) da Unisinos, o material irá mostrar a importância da música nas atividades da aldeia para a preservação da cultura e o processo de retomada das terras onde a comunidade está localizada. “A ideia inicial era de fazer um documentário sobre o processo de gravação do CD. Mas quando visitamos a aldeia pela primeira vez, sem câmeras, notamos que tinham coisas muito mais importantes para serem contadas”, enfatiza o aluno do CRAV e diretor do documentário, Pedro Valadão.

Foram cerca de quatro horas de imagens e depoimentos captados. Muito mais do que exercitar a técnica, o contato com a comunidade indígena gerou um aprendizado indiscutível. “Entrar em contato com a cultura deles foi a maior e melhor experiência que eu tive durante o projeto. Ver que o povo da aldeia possui uma maneira totalmente diferente de se comunicar e entender que é uma cultura extremamente diferente da nossa, de maneira respeitosa, foi bastante enriquecedor”, conclui Pedro.

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O lançamento do CD e do documentário será no dia 10/11, a partir das 16h, na sala Sérgio Napp 1, no 2º andar da Casa de Cultura Mário Quintana, localizada na Rua dos Andradas, número 736, no Centro Histórico de Porto Alegre. No local, será possível conferir, também, uma exposição com fotos dos bastidores da produção e do cotidiano da comunidade indígena. O evento, que é aberto ao público, estará recebendo doações de alimentos não perecíveis e agasalhos para serem doados para a aldeia. Os CDs produzidos estarão disponíveis para venda. Confira o teaser do Documentário.

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