Os 3 Plantados: compartilhando a arte de viver

A primeira apresentação do espetáculo dos músicos Jimi Joe, King Jim e Bebeto Alves será no próximo sábado (27/09), na Fundação Ecarta

Crédito: Rodrigo W. Blum

No final da manhã de ontem, 23 de setembro, as ondas da Rádio Unisinos levaram para todos os cantos da região um dos refrões mais conhecidos do Rock’n Roll feito no Rio Grande do Sul, entoado por três grandes nomes da música: King Jim, Jimi Joe e Bebeto Alves.  Ao som de “você é tudo que eu quero”, clássico do final dos anos 80 da banda Garotos da Rua, os músicos deixaram registrado que estão juntos em um novo projeto, unidos não somente pela música, mas pela gratidão. Trata-se do 3 Plantados.

Crédito: Rodrigo W. Blum

3 histórias de superação

O trio tem muito em comum, inclusive a agonia da espera na fila por um transplante. Os últimos anos não foram fáceis para eles. Para Jimi Joe, na verdade, a última década. Aos 25 anos, o músico (que também é jornalista, radialista e, atualmente, coordena a programação da Rádio Unisinos), foi diagnosticado com uma grave doença renal, degenerativa e sem cura. Em 2003, já limitado pelo agravamento da doença, entrou na fila de espera por um transplante de rim, que ocorreu no ano passado. “Foram anos de hemodiálise e duas tentativas frustradas de transplante. Cheguei a perder as esperanças e o ânimo, por não poder me dedicar ao meu trabalho, à família e à vida. Renasci no dia 16 de março de 2013. Foi nesse momento que começou a minha nova história”, declarou. Para King Jim, a dor da espera não foi diferente. Ele descobriu tinha Hepatite C e Cirrose há cerca de quatro anos, após uma internação. Por ser uma doença silenciosa, a Hepatite foi descoberta em estágio avançado e a Cirrose somente piorou o quadro. “Cheguei muito perto da morte e muito rápido. Logo fui colocado no primeiro lugar da lista de espera por um fígado. Sem o transplante, não teria mais de um ano de vida pela frente”, afirmou o músico, que esperou três anos pelo procedimento, realizado no ano passado.

Bebeto Alves completa o trio de artistas transplantados em 2013. Foram três meses na fila, aguardando um fígado compatível, mas a jornada de doenças e complicações começou muito antes, em 1998, com o diagnóstico de Hepatite C. Anos mais tarde, outro exame revelou a Cirrose, decorrente da falta de tratamento, e um tumor maligno. “Não se fala muito desse tipo de Hepatite. Menos ainda na época. Optei por tratamentos alternativos, à base de uma alimentação diferenciada e remédios naturais, o que agravou a minha situação, culminando no transplante”, explicou.

Crédito: Rodrigo W. Blum

3 histórias de amor à vida, gratidão e solidariedade

É impossível silenciar alguém que é movido pela música. A entrevista foi atravessada pelas conversas sobre os shows, músicas, momentos memoráveis que a vida artística lhes proporcionou e também sobre projeções que a vida nova, proporcionada pelo transplante, torna agora possível. Mais ainda, como disseram, que os doadores e suas famílias permitiram que fossem sonhadas e concretizadas. E como agradecer? Através daquilo que fazem melhor, claro: a música.

O transplante não se encerra no momento da operação. Envolve muito preparo (físico e psicológico) e um intenso acompanhamento pós-operatório. Foi nessa última etapa que eles ficaram sabendo dos casos em comum e surgiu o interesse em realizar shows juntos.  “É inevitável refletirmos sobre todo o contexto que envolve esse procedimento: quem é o doador? Como ele viveu? E a família, como superou a morte do ente querido e autorizou a doação dos órgãos?”, frisou Jimi Joe. “As famílias precisam falar sobre a morte, mas também sobre salvar vidas”, salientou King Jim, que foi reiterado por Bebeto, “O corpo é somente um veículo para a gente viver. São as histórias do indivíduo que ficarão. Doar órgãos é uma forma de possibilitar que alguém continue a viver e contar suas histórias”. Com esses renascimentos nasceu, portanto, os 3 Plantados.

A gratidão pelo gesto das famílias dos doadores e o anseio pela maior conscientização da importância desse gesto, mobilizou os artistas a realizarem, no próximo sábado, no Dia Nacional da Doação de Órgãos, o primeiro show dessa iniciativa. “As coisas vão surgindo durante o processo de produção. Todo dia temos uma ideia nova para o espetáculo, desde o formato do palco até as músicas que apresentaremos, compostas especialmente para o projeto. Este é um momento muito feliz para todos nós. O que estamos vivendo, e as pessoas envolvidas, nos dão forças e ânimo para continuar e apresentar um trabalho cada vez melhor”, concluiu Jimi Joe. A apresentação será na Fundação Ecarta, em Porto Alegre, às 18h, com entrada franca. Além da apresentação musical, o momento contará com os relatos dos músicos sobre as suas experiências.

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