Reconhecimento, justiça e desenvolvimento

Sarau Afro Cultural chamou a atenção para a afrodescendência por meio da arte

Foto: Roberto Caloni

Na terça-feira, 30 de agosto, ocorreu o 1º Sarau Afro Cultural do Centro de Cidadania e Ação Social Unisinos (CCIAS). Alusivo à Década Internacional de Afrodescendentes, o evento foi promovido e organizado por um Grupo de Trabalho composto por representantes dos projetos sociais da Universidade e reuniu a comunidade em torno de apresentações artísticas.

“A proposta do Sarau é integrar as iniciativas da instituição, unindo colaboradores e participantes de forma simples, para que possamos pensar e dar atenção a questões afro por meio de manifestações culturais”, comentou Izalmar Pereira Carvalho, uma das idealizadoras do evento que vem sendo planejado desde maio deste ano.

Na abertura, o coordenador do CCIAS, padre Idinei Zen, deu as boas vindas ao público lembrando a importância de “tomarmos consciência daquilo que nos é desconhecido e participarmos para construirmos a sociedade que queremos”. Com um agradecimento especial aos que se envolveram com a organização do Sarau, padre Idinei concluiu sua fala com um desejo: “Que cada vez mais possamos viver momentos assim, desenvolvendo atividades relativas aos afrodescendentes e contribuindo para promover um trabalho de inclusão”.

Na sequência, subiram ao palco Elisabeth Natel e Jorge Teixeira, representantes do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi). Os dois falaram sobre o significado da Década – que foi declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 – e mencionaram algumas das ações da Unisinos em alusão a esse período.

“As palavras reconhecimento, justiça e desenvolvimento pautam a Década Internacional de Afrodescendentes”, começou Jorge. “Ela representa um movimento para resgatar e ressignificar uma história que foi ‘esquecida’, e faz isso trazendo o negro para o centro.”

Foto: Roberto Caloni

Jorge também citou a Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas instituições de ensino do país, e fez referência aos atletas negros que competiram nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Finalizou o discurso na esperança de que as pessoas se envolvam com o tema das relações étnico-raciais e que estas sejam horizontalizadas.

Elisabeth, por sua vez, lembrou que a Unisinos instituiu a Comissão da Década Internacional de Afrodescendentes em setembro de 2015, e que esta é formada por professores, coordenadores de curso, gestores, funcionários e demais membros da comunidade acadêmica. “O Sarau Afro Cultural nasceu da parceria do Neabi com projetos sociais, em comemoração à Década. Outros projetos darão continuidade à iniciativa nos próximos anos”, afirmou.

Arte no palco

As apresentações culturais começaram logo após as falas. O momento incentivou a troca de vivências, a construção de saberes e a soma de conhecimentos por meio da arte, que é considerada uma das marcas mais fortes dos povos africanos e está associada a atividades cotidianas.

Foto: Roberto Caloni

Para homenagear o idoso, guardião da memória e da tradição na cultura africana, foram convidados ao palco os integrantes do Coral Maior (Pró Maior) e dos grupos de musicalização e violinos do Vida com Arte. Juntos, eles interpretaram a canção Siyahamba, que diz: “Estamos caminhando para a luz do Senhor”.

O grupo de dança do Artecriando apresentou, na sequência, a coreografia Raízes, que representa a união do ser humano com suas raízes (como diz o nome) e a relação com as divindades dos orixás. Já o grupo de dança Circular Pró Maior interpretou a música Axé Odô, símbolo de gratidão e paz cuja letra reflete a diversidade étnica integrada.

Os sons dos tambores ganharam o palco nas mãos dos jovens do grupo de percussão Vida com Arte. Com uma peça criada especialmente para a ocasião, eles mostraram ao público o ritmo de origem africana denominado Ijexá. Por fim, a educadora Cátia Pereira fez uma sensível declamação de um pensamento sobre o tempo e foi ovacionada pela plateia.

A Década

A Assembleia Geral da ONU proclamou o período entre 2015 e 2024 como a Década Internacional de Afrodescendentes (resolução 68/237) citando a necessidade de reforçar a cooperação nacional, regional e internacional em relação ao pleno aproveitamento dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos de pessoas afrodescendentes, bem como sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade.

No âmbito universitário, ela vem para reforçar o trabalho que já é feito pela Unisinos por meio de seus projetos sociais e para incentivar a educação das relações étnico-raciais. Além disso, “a Década é muito positiva, pois informa, alerta e faz refletir. Ela provoca as pessoas a pensarem sobre o porquê de ela existir, dá uma noção daquilo que é preciso ser observado”, destaca Cátia. “Chama a atenção, sim, talvez até cause choque, mas se não for agora, quando vai ser? Quando vamos voltar a atenção para essas questões? Quando chegará o dia em que todos seremos vistos como seres humanos?”

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