Música, aprendizagem e cidadania foram temas da Capacitação do Colegiado Unisinos

Mais de 500 professores ajudaram a pensar a docência no novo ciclo da universidade

O que uma torta de maçã, uma garrafa de café e a cena de um filme podem ter em comum? No primeiro dia da Capacitação do Colegiado Unisinos, que ocorreu na última terça-feira, 16, no campus Porto Alegre, mais de 500 professores e tutores vivenciaram o que une esses três elementos: o poder do compartilhamento.

Por meio de oficinas criativas, palestras e rodas de conversa acompanhadas de café e chocolates, os docentes trocaram ideias, dividiram experiências e angústias e pontuaram demandas para o próximo ano letivo. O evento, com o tema Unisinos: nossa Universidade em Movimento, contou com 20 atividades somente no primeiro dia.

Paramentados com toucas e aventais, cerca de 30 professores se reuniram no laboratório de Gastronomia para uma aula diferente. Tinham a missão de cozinhar uma torta de maçã ouvindo e lendo instruções em inglês.

A Cooking Class, coordenada pela professora Cristina Damim durante uma das oficinas do eixo Inspirar para Ensinar e Aprender, tinha a missão de trazer uma nova perspectiva sobre os espaços de sala de aula, instrumentalizando os participantes para o planejamento de aulas de forma prática e vivencial.

“É uma aula de inglês na prática, e os alunos (professores e tutores) aprendem a identificar objetos, ingredientes e devem seguir a receita”, explicou Cristiane.

Depois de aprender novas palavras no idioma e de preparar a receita, o grupo docente experimentou a torta de maçã.

“Achei sensacional. Foi uma surpresa no primeiro momento, mas foi muito boa a interação do grupo, e o resultado do trabalho foi surpreendente”, afirmou Reginaldo Macedônio da Silva, professor da Engenharia Cartográfica.

No mesmo eixo Inspirar para Ensinar e Aprender o professor Mateus Raeder, das Ciências da Computação, apresentou Aulas Fora da Caixa: bom humor e criatividade como aliados de uma aula de programação. Para a atividade, levou aplicativos de perguntas e respostas e fez atividades em grupos.

“A aula foi muito inspiradora. Primeiro, tivemos que pensar sobre o que nos motiva e nos inspira para entrarmos em sala. Ele fez a gente refletir sobre nosso papel e a questão da empatia”, disse a professora Cristiane Carbonell Rabello, da Escola de Negócios.

Em paralelo às oficinas de inspiração, os professores Giulio Palmitessa, Ana Lúcia Meira e Betina Guedes fizeram um encontro com reflexões sobre novas formas de apropriação dos espaços para aprendizagem. A aula trouxe questões relacionadas às áreas de design, educação e arquitetura e estimulou professores a interpretar novos elementos que surgem no dia a dia.

“A atividade nos desafiou a pensar diferentes metodologias, que geram estímulo à reflexão por meio da criação de novos espaços e onde a aprendizagem seja uma construção coletiva. Pensamos em como incorporar nas nossas atividades o que o espaço e os sujeitos nos proporcionam”, explicou Carina Mersoni, professora dos cursos de Comunicação Social e Fotografia.

No final da tarde, às 17h, foram formadas seis mesas temáticas no programa Ideias com Café. Entre os temas debatidos estavam tecnologias em sala de aula, feedback para turmas grandes, extensão universitária, orientação de TCC, ocupação de espaços para aprendizagem e boas práticas em atividades acadêmicas introdutórias.  

Às 18h, o professor e músico Frank Jorge e a professora Sabrina Vier reuniram-se no saguão da Biblioteca para um sarau em homenagem a Luis Fernando Verissimo. Entre as leituras havia trechos da obra O Analista de Bagé e Comédias para Ler na Escola. A trilha sonora ficou por conta de Artur Roth, aluno do curso de Produção Fonográfica.

No fim do dia, uma oficina de design thinking comandada pelos professores Rejane Klein, Tatiane Leite e Pe. João Batista Storck ajudou a pensar a gestão da permanência de alunos  e a compreender melhor os estudantes que têm potencial para evadir dos cursos.

“O professor e o tutor podem ser os primeiros a visualizarem essa possibilidade de evasão. Eles não têm a responsabilidade de resolver o problema, mas podem conversar com o aluno, conhecê-lo melhor e ajudar a fazer encaminhamentos. Queremos ajudar a construir esse olhar com os  docentes e tutores”, sugeriu João Batista.

Professores participaram de 11 atividades no segundo dia de evento

O programa de oficinas, rodas de conversa e ações culturais foi inteiramente desenvolvido e ministrado pelo Núcleo de Formação Docente da Unisinos, com a colaboração de outros professores e alunos da instituição. No dia 17 de janeiro foram oferecidas 11 atividades, além da exposição interativa de desenhos Espaços [e movimentos] de aprendizagem, de autoria do egresso do curso de Comunicação Digital, Pablito Aguiar, e do encerramento especial com as falas do reitor,  Padre Marcelo Fernandes de Aquino, e do Diretor da Unidade Acadêmica de Graduação, Gustavo Borba, seguido de show com Frank Jorge, coordenador e professor do curso de Produção Fonográfica.

A tarde iniciou com oficinas, que ocorreram entre 14h e 17h. Na atividade Descontruindo PPTs, ministrada pelas professoras Maira Bernardi e Carolina Cosme, foi intensa a reflexão sobre o uso do power point e a discussão sobre o direito autoral destes materiais, com a sugestão do uso de outras ferramentas em sala de aula como Kahhot, Socrative, HSP.org, Bubbl.com e SimpleMind.

Na atividade Mobilizando aprendizagens em atividades acadêmicas compartilhadas, que também ocorreu na noite do dia 16, as professoras ministrantes Isa Alves e Juliana Chaves convidaram os docentes das mais diversas áreas a interagirem sobre seus planos de ensino, a fim de gerar ideias para a construção de planejamentos com foco em práticas pedagógicas interprofissionais. Já a oficina Curricularização da extensão: AAs, TCCs, teses e dissertações, ministrada por Isamara Alegretti, Pe. João Batista Storck, Karine Freire e Ederson Locatelli, promoveu a interação entre os participantes com outro propósito: explorar práticas que abordam a relação entre universidade e sociedade, esclarecendo de que modo a Unisinos vem construindo seu conceito de extensão universitária, e provocando os docentes a levar a sala de aula para fora dos campi, produzindo projetos, gerando produtos e ideias para pesquisa científica de modo a conectar alunos, professores e os mais diversos atores sociais presentes nas cidades, comunidades, organizações e demais espaços públicos.

Mas a programação da capacitação docente não incluiu somente atividades do professor da Unisinos para seus colegas. Na oficina Somos todos aprendizes: diálogos entre alunos e professores, o processo foi invertido: os alunos de graduação foram convidados a projetar um momento de interlocução com os professores e tutores sobre o espaço e as práticas da sala de aula. Para a aluna Danielle Zilles, que cursa Licenciatura em Letras, a atividade foi muito desafiadora e construtiva. “As questões que eles [professores] nos trouxeram e o que nós pudemos dizer a eles foi muito interessante, pois trabalhamos juntos para encontrar algumas maneiras de construir uma sala de aula melhor. Com certeza vou levar esta experiência para minha futura docência”, comentou. Para a estudante do curso de Design, Gabriela Petter Martins, a riqueza da troca ficou por conta da diversidade de experiências, dicas e soluções. “Como tínhamos diferentes professores, com pensamentos diversos, tivemos variadas soluções para um mesmo problema. Também pudemos sugerir outras possibilidades, como a de dar aulas não só na sala de aula, desconstruindo um pouco o formato mais tradicional”, resumiu a aluna.

A tarde de encontro foi finalizada com a pausa para o tradicional cafezinho – desde que produtivo. Nas rodas de conversa Idéias com café, o colegiado da Unisinos foi convidado a integrar mesas temáticas de discussão, que foram ofertadas também no dia 16, entre 17h e 18h. Os debates foram conduzidos pelos professores Isamara Alegretti, Gabriela Gonçalves, Denise Falke, Marcia Del Corona, Adalberto Heck, Betina Guedes, Flávio Shansis, Daniel Bittencourt, Marly Malmann e Maira Bernardi, com uma grande riqueza de pautas.

Nos cafés foram trocadas desde experiências como o projeto Comida de Morro, realizado no Morro da Cruz, em Porto Alegre – que auxiliou sete mulheres da comunidade a desenvolver os dons gastronômicos – até as preocupações de ordem metodológica que os professores enfrentam diariamente. Entre elas, a importância do acolhimento ao aluno nos campi e no primeiro dia de aula; os desafios na orientação de TCCs; a consideração dos espaços dos campi como sujeitos – e também as empresas, a internet, a casa do aluno e a cidade enquanto ambientes educadores; o uso do celular em sala de aula como ferramenta pedagógica, e as dificuldades no feedback para turmas grandes, nas quais ouso do Moodle como apoio e a estratégia de correção por pares podem mobilizar a participação dos alunos para um melhor processo de ensino.

Outra atividade cultural diferenciada também foi realizada ao final da tarde. Cine acessível: ver, ouvir e sentir, consistiu numa sessão de vídeos sobre tipos de acessibilidade mesclada com debate. Organizada pelos profissionais do Banrisul, Marta Neves e Rafael Martins dos Santos, a atividade envolveu, durante 20 minutos, grupos que não podiam falar, se movimentar e enxergar, com o desafio de se comunicarem para conquistar objetivos específicos. As limitações apareceram na dinâmica, junto com as discussões sobre como as nossas cidades e meios de comunicação pensam ou deixam de pensar sobre pessoas com deficiência, e de como a sala de aula engloba estas diferenças.

Na fala de encerramento do evento, que antecedeu as férias docentes, o reitor, Padre Marcelo Fernandes de Aquino, retomou as questões abordadas em seu discurso de posse, contando também as histórias colhidas na interação com alunos que desejam seguir na carreira docente. “Tenho o coração cheio de afeto pela Universidade e creio que aqui no sul do Brasil nós estamos fazendo algo muito bonito pelo nosso país. Nossa Universidade é grande pois temos uma envergadura intelectual notável, mas ela é também grande por que estamos dando conta de ser uma Universidade que acolhe. Não esqueçamos que é pela educação que as pessoas ficarão mais honestas neste Brasil, e é por meio dela que daremos conta de sair das nossas terríveis contradições e da nossa vergonhosa desigualdade”, mencionou. Após a fala do reitor, o Diretor da Unidade Acadêmica de Graduação, Gustavo Borba, apresentou mais detalhes do projetoUnisinos LAB, que vai estar à disposição dos alunos a partir de março. Um projeto que possibilitará a personalização do percurso formativo dos alunos.  

Para finalizar a noite, que se estendeu até às 21h, Frank Jorge comandou o show com colegas de banda, ao lado de seu aluno Artur Roth, brindando os convidados com um repertório eclético que passou por sucessos autorais, como Amigo Punk e Eu, e também arranjos para Se Você Pensa, de Roberto Carlos, e Je t’aime…moi non plus, de Serge Gainsbourg. 

Colaboraram para o texto: Adriano Debus, Anelise Zanoni, Cíntia Carvalho, Cristiane Schnack, Cybeli Moraes, Erica Hiwatashi, Fernando Marson, Flávia Seligman, Micael Vier Behs, Reginaldo Silva, Robert Thieme e Vanessa Cardoso.

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