Filme produzido por aluno da Unisinos transforma imagens científicas em narrativa poética sobre a Antártica 

Documentário idealizado a partir do acervo do projeto Paleoclima destaca a importância da divulgação científica e já está inscrito em diversos festivais

Crédito: Divulgação

A imensidão branca da Antártica, suas transformações ao longo do tempo e o impacto das mudanças climáticas ganham uma nova forma de serem contadas por meio de um documentário produzido com imagens reais de expedições científicas. O filme é resultado da colaboração entre o projeto Paleoclima – sediado na Unisinos e financiado pelo CNPq e o Instituto Tecnológico de Paleoceanografia  e Mudanças Climáticas (itt Oceanon). Ainda em fase de inscrição em festivais, a produção propõe uma narrativa em que o próprio continente gelado assume o papel de protagonista e narrador de sua história. 

A ideia de transformar o acervo audiovisual das viagens de pesquisa à Antártica em um filme surgiu a partir do encontro entre Gustavo de Almeida, que atua como aluno e pesquisador, e a equipe do projeto Paleoclima. Com acesso às imagens captadas por cientistas em campo, Gustavo percebeu ali um material raro, que merecia chegar ao público geral. “Mesmo sem pretensão cinematográfica, as imagens têm uma beleza e realidade únicas. Pouquíssimas pessoas no mundo têm acesso ao que é mostrado ali. Seria um desperdício não as transformar em filme”, afirma. 

Durante o processo criativo, ele se reuniu com pesquisadores ligados ao Paleoclima e ao itt Oceanon para entender quais histórias queriam contar. A ideia inicial evoluiu até que o roteiro ganhasse contornos poéticos: “No fim, decidi que a própria Antártica contaria sua história. A Miriane Bialoso deu voz a esse personagem, que fala sobre si mesma numa perspectiva única”. 

Mais que um retrato visual da Antártica, o documentário também busca sensibilizar o público para temas urgentes. “Quero comunicar ciência por meio da arte e provocar reflexões sobre as mudanças climáticas e a importância da pesquisa científica”, explica. Para ele, o audiovisual é uma ferramenta poderosa de democratização do conhecimento. “A produção científica precisa ir além da universidade. Nosso papel é criar pontes com a sociedade por meio de linguagens acessíveis.”  

O filme só foi possível graças ao apoio direto do projeto Paleoclima e da Unisinos, especialmente dos professores e pesquisadores Gerson Fauth, Rodrigo Scalise Horodyski, Rodrigo do Monte Guerra, Leslie Manríquez Márquez, Karlos Kochhann, Guilherme Krahl e Bruna Schneider. Parte das imagens também foram registradas pelo montanhista e cinegrafista Edson Vandeira, que acompanhou a equipe na Antártica e faleceu neste ano durante uma expedição no Peru. “Este filme é também uma homenagem singela ao Edson, cuja contribuição foi inestimável.” 

Inscrito em diversos festivais nacionais e internacionais, o filme reforça o papel do audiovisual como ponte entre ciência e sociedade. Ao transformar dados e descobertas em uma narrativa sensível, o projeto convida o público a olhar para a Antártica não como um lugar remoto, mas como um personagem central da nossa história e do futuro do planeta. 

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