Empreendedorismo na essência

Egressos do curso de Engenharia de Alimentos empreendem com pesquisas desenvolvidas durante o TCC

Crédito: Divulgação

Um curso que tem o empreendedorismo no seu DNA, assim é a graduação em Engenharia de Alimentos da Unisinos. Não é à toa, que tem conquistado as melhores posições nas últimas avalições feitas pelo Enade e pelo MEC. “O curso tem sua a excelência acadêmica consolidada e reconhecida pelo mercado, sendo a melhor graduação de Engenharia de Alimentos do Brasil entre todas as Instituições de Ensino Superior avaliadas, tanto públicas quanto privadas”, destaca a coordenadora do curso, Janice Silva.

Segundo a professora, o empreendedorismo sempre fez parte da formação dos estudantes. “Nesses 27 anos de história do curso, são muitos os casos e ações empreendedoras. Hoje, temos muitos egressos são parceiros do nosso curso”, afirma.

Recentemente, mais duas histórias de empreendedorismo nasceram a partir do projeto de TCC dos alunos e merecem destaque. A de Frederico Hosftatter, que criou uma startup de foodtech, e de Jonatan Pacini, que desenvolveu um plano de negócio para abrir uma microcervejaria. Confira o relato dos egressos:

Mudando o mundo de grão em grão

Frederico Hosftatter concluiu a graduação no segundo semestre de 2018. O estudante participou do primeiro edital Lab-Empreendedor na Unisinos. Na ocasião, ele aplicou seu projeto de TCC para desenvolver uma startup de foodtech, já que tinha como objetivo fazer uma pesquisa para não ficar “dentro da gaveta”, mas virar um futuro negócio.

Crédito: Rodrigo W. Blum
Frederico (esq.) e seu sócio, Rodrigo Kayser Schwertner (dir.)

“A escolha do tema do meu TCC foi em parceria com a minha orientadora alinhado às pesquisas e tendências de mercado, onde foi possível verificar um novo ingrediente de fonte vegetal, proveniente do grão-de-bico, que é capaz de substituir 100% das funcionalidades de um ovo. Porém, diferente do que acontece com o ovo, as proteínas encontradas no grão-de-bico são resistentes ao calor, podendo ser repetidamente congeladas, descongeladas, aquecidas ou resfriadas. Sendo assim, é possível fazer a substituição total do ovo em diversos produtos comuns que encontrarmos no supermercado, como por exemplo maioneses, sorvetes, bolos, biscoitos, mousses, merengues e molhos para saladas”, conta.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Mesmo após concluir o curso, Frederico continuou participando do Trying to fly do H2Hub e, recentemente, teve sua empresa selecionada para incubar no Parque Tecnológico da Universidade. A partir de 9/9, a Faba – Mudando o mundo de grão em grão, faz parte das startups incubadas no Tecnosinos. Segundo o empresário, estar vinculado ao curso de Engenharia de Alimentos da Unisinos foi importante porque desde o início da graduação, os alunos são estimulados a empreender dentro das disciplinas, procurando solucionar problemas da indústria de alimentos. Além disso, a disponibilidade dos laboratórios e miniusinas e a acessibilidade dos professores ajudam a moldar a ideia dos estudantes de acordo com os parâmetros atuais.

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O tema do projeto de Frederico foi o grão-de-bico e os produtos desenvolvidos a partir dessa matéria-prima. A iniciativa está alinhada a uma tendência atual na indústria de alimentos, que é a busca por produtos de base vegetal (veganos). “Atualmente, temos uma boa parcela da população brasileira que optou por deixar a carne de lado, em 2018, 14% já se declarava vegetariana, porém as pessoas ainda sofrem pela falta de opções de alimentos livres de ingredientes de origem animal. O mercado já disponibiliza extratos vegetais provenientes de soja, amêndoa, arroz e até alguns substitutos de carne, mas encontrar um substituto vegetal para o ovo, de forma natural, até pouco tempo atrás não se tinha conhecimento. Além da falta de opções para essa parcela da população, também estamos atendendo as pessoas que são alérgicas ao ovo”, afirma o empresário.

Crédito: Rodrigo W. Blum
A maionese (esq.) e o merengue (dir.) sem adição de ovos são exemplos das possibilidades de aplicação da água de cozimento do grão-de-bico

A engenharia de alimentos busca sempre por inovação e uma preocupação é gerar novos insumos em atendimento ao desenvolvimento de novos produtos de base vegetal. “Estamos com nossa P&D direcionada para viabilizar a produção, em escala industrial, da Aquafaba e os subprodutos que darão destino ao grão. Neste momento, já contamos com alguns desenvolvimentos: pasta de grão-de-bico, maionese, merengue e grão drageado com chocolate”, comemora.

Para o futuro, Frederico busca viabilizar e relação entre a fabricação da aquafaba e o destino dos grãos sem gerar desperdício no processo, estruturar a dinâmica de produção puxada com o mercado, de modo a prever fluxos financeiros e de investimento e ampliar relações de modo a captar recursos para a estruturar o negócio.

De Barão para o mundo

Outra história de empreendedorismo é do egresso Jonatan Pacini. Durante o curso, ele desenvolveu um plano de negócio para abrir uma microcervejaria. O TCC se concretizou, e virou a Charas Beer Pub, que funciona no município de Barão, no Rio Grande do Sul.

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“Comecei a fazer cerveja artesanal em 2013, através de um trabalho na disciplina de Bioquímica Experimental do curso de Engenharia de Alimentos. A proposta do trabalho era desenvolver um produto, por meio de um processo bioquímico, e que não existisse no mercado. A fermentação alcóolica despertou o meu interesse, mas precisamente a produção de cerveja. Na época, identifiquei que não havia no mercado cerveja de manga e, sendo assim, comecei a desenvolver o produto para o trabalho”, relembra o empresário.

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A fábrica desenvolve cervejas artesanais e Jonatan acompanha todo o processo. “Reforcei os conhecimentos adquiridos no curso, sobre a produção de cerveja, em escolas especializadas no produto artesanal. Com a crescente aprovação dos familiares e amigos, fui melhorando o meu equipamento e os insumos empregados. No final do curso, deparei-me com o TCC e a possibilidade de agregar valor à ideia de abrir uma cervejaria. Sabendo da importância de se realizar um plano de negócios, decidi ser este o tema do meu estudo. Foi um grande desafio realizar este projeto, a exigente avaliação do trabalho (pela banca examinadora) trouxe um crescimento e um amadurecimento da ideia de negócio, que auxiliou na criação da empresa hoje”, conta.

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Os planos do engenheiro de alimentos vão além dos muros da cervejaria, ele busca o desenvolvimento regional. E, para isso, vem conversando com a prefeitura municipal para transformar a região em um ponto da rota turística do estado. “Entendo que tenho muitos desafios pela frente. No entanto, atualmente, o mercado apresenta-se promissor e com crescimento, refletindo no aumento da procura pela marca e consequentemente a sua valorização. Hoje, estando no mercado há seis anos, percebo que as cervejarias que estimam o conhecimento técnico do produto, estão se destacando. No momento, estou focando na abertura da cozinha do brewpub, devido à grande procura pela comida aqui na cervejaria. Onde, pretendo oferecer pratos que harmonizem com as nossas cervejas”, declara.

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