A diversidade na pesquisa científica

Assunto foi tema da palestra de abertura do Conexão Pesquisa Unisinos

Crédito: Janaína Costa

Na segunda-feira, 24 de setembro, começou o Conexão Pesquisa Unisinos. O evento, que segue até quinta-feira, 27, é uma oportunidade para conhecer de perto a investigação científica que é feita nos Programas de Pós-Graduação e nos Institutos Tecnológicos da Universidade. A abertura da semana ocorreu no Campus São Leopoldo e contou com transmissão online. Confira um pouco do que aconteceu na palestra A diversidade na pesquisa científica: diferentes olhares e espaços de trabalho.

Dar as boas-vindas

Ao recepcionar o público, a diretora da Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Dorotea Frank Kersch, lembrou a proposta do evento e ressaltou a visão da Unisinos: ser uma universidade global de pesquisa. “É uma satisfação estar aqui nesse momento de integração ao universo da investigação científica”, afirmou. O reitor, padre Marcelo Fernandes de Aquino, complementou as boas-vindas enfatizando ter grande confiança no que estamos fazendo como Universidade.

Desconstruir padrões

Quem abriu a palestra foi Karine Freire, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Design. A professora fez uma apresentação sobre o tema Diálogos projetuais para a ativação de novos modos de fazer (e pesquisar).

Karine abordou a economia afetiva e o ativismo de design, destacando o Fashion Revolution, um movimento que pede por responsabilização e transparência na cadeia produtiva da indústria da moda, uma das mais poluentes e insustentáveis do mundo.

Falou sobre pesquisas e ações conduzidas na Universidade com o propósito de estimular a sustentabilidade e as relações entre os atores sociais, sempre com a mentalidade de “agir fora da bolha”. Deu como exemplo o projeto Bandeira de Retalhos e a articulação de um Ecossistema Criativo da Moda Sustentável.

A palestrante também enfatizou negócios feitos por mulheres e que promovem um jeito diferente de pensar a sustentabilidade no mundo. Mencionou as marcas Herself e Lyga, lideradas por “mulheres que conseguiram perceber modos de fazer a diferença e de desconstruir padrões estabelecidos a partir de seus valores”.

Problematizar noções essencialistas

A palestrante seguinte foi a professora Maria Cláudia Dal’Igna, do Programa de Pós-Graduação em Educação. Para demonstrar como ainda temos compreensões muito encerradas sobre gênero e sexualidade, Maria Cláudia abriu sua fala com uma imagem da artista e ativista trans Heather Cassils.

“Minimamente, estranhamos o corpo e buscamos enquadrá-lo em determinado sexo. O que ela [Heather] faz — e isso quem diz é a filósofa Judith Butler — é nos provocar a pensar que não há relação natural e universal entre corpo e gênero”, concluiu a professora.

Seguindo com sua apresentação, Maria Cláudia falou sobre o projeto Parent in Science, que, entre outras ações, convida pesquisadoras e pesquisadores a se posicionarem abertamente como mães e pais, inclusive na Plataforma Lattes (base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq). Dessa forma, é possível mostrar que o processo acadêmico não está desvinculado do modo de ser e estar no mundo.

A palestrante, então, destacou que gênero e sexualidade funcionam como ferramentas teóricas e metodológicas para abordar temáticas como a docência, para problematizar e rejeitar noções essencialistas de homem e mulher — como o estereótipo de que magistério é ocupação feminina. “Por mais que estejamos vivendo tempos difíceis, pautados por discursos conservadores, é preciso que se viva com esperança, multiplicando as formas de ser”, concluiu.

Promover o acesso à informação

Márcia Veiga da Silva, bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/Capes) no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, finalizou as apresentações da noite. A convidada palestrou sobre a importância de discutir gênero e os impactos dessa prática para a transformação de desigualdades sociais.

Ao abordar a temática desigualdade, Márcia falou não sobre a econômica, mas sobre a de existência: “Não só o Brasil é o quinto país mais desigual do mundo, como é também um dos que têm as mais altas taxas de violência. O Brasil está entre os que mais matam LGBTs, que mais colocam as pessoas à margem”, pontuou.

A pesquisadora mostrou que a desigualdade tem raízes históricas e é uma construção muitas vezes sutil — está na propaganda machista, na culpabilização da vítima pela mídia, na objetificação do corpo etc. Segundo ela, para que se possa mudar essa realidade, é preciso disseminar a informação.

“A universidade é uma chave importantíssima para romper o senso comum por meio do acesso ao conhecimento, por meio da pesquisa. É chave porque está formando profissionais que vão entender o outro a partir dos valores do outro. Profissionais que vão saber não transformar a diferença em desigualdade”, concluiu.

Viver a investigação científica

As atividades do Conexão Pesquisa Unisinos seguem durante a semana. Confira a programação e faça a sua inscrição pelo site.

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