Enfoque e Babélia marcam o fim de 2020 no curso de Jornalismo

Publicações impressas tradicionais, os jornais foram produzidos totalmente de forma remota, um desafio para alunos e professores envolvidos

Crédito: Divulgação

Já estão disponíveis na web as mais recentes edições dos jornais Babélia e Enfoque, tradicionais publicações impressas produzidas pelo curso de Jornalismo da Unisinos. Realizados de maneira totalmente remota, os dois projetos simbolizam um ano que foi repleto de desafios, tanto para a comunidade acadêmica quanto para o jornalismo.

Micael Vier Behs, professor da disciplina de Jornal e Notícia, uma das atividades acadêmicas envolvidas na produção do jornal Babélia, entende que o fato das matérias e reportagens terem sido executados de forma remota resultou em diversos desafios para os alunos, como, por exemplo, encontrar pautas mais locais e viáveis de serem colocadas em prática neste formato.

O Babélia já circula na Unisinos há mais de 15 anos. A edição 34 foi realizada por professores e alunos das disciplinas de Jornal e Notícia (São Leopoldo), Jornalismo Impresso e Reportagem (São Leopoldo e Porto Alegre), Jornalismo Impresso e Opinião (São Leopoldo) e Redação para Relações Públicas II (São Leopoldo). A edição ainda contou com o projeto gráfico de Douglas Glier Schütz, aluno da disciplina de Planejamento Gráfico (turma 2020/1).

A professora responsável pela disciplina de Jornalismo Impresso e Reportagem, Taís Seibt, conta que este semestre teve uma novidade no processo de desenvolvimento da edição, que foi a junção dos estudantes dos campi São Leopoldo e Porto Alegre na mesma turma: “Isso foi bem interessante para a troca de conhecimentos entre os estudantes, porque as referências locais são diferentes, apesar de as duas cidades serem bem próximas”, explica.

Em pauta, a Região Nordeste de São Leopoldo

Já o jornal Enfoque teve sua primeira edição realizada na Região Nordeste da cidade de São Leopoldo. O Enfoque São Leopoldo: Região Nordeste teve como foco para realização das matérias os bairros Rio dos Sinos e Santos Dumont. A entrega dos 1.000 exemplares foi realizada na comunidade na penúltima semana de dezembro.

Quem ficou responsável pela edição foram os estudantes da disciplina de Jornalismo Comunitário e Cidadão, ministrada pela professora Sonia Montaño. A turma ainda produziu diversos textos sobre a disciplina e a região, que foram publicados no Medium.

Crédito: Arquivo Pessoal

Sobre o desenvolvimento da disciplina, Sonia conta que, assim como todas as coisas que vem acontecendo nos últimos tempos, foi tudo bastante imprevisível: “Eu tinha uma bolsa para fazer meu pós-doutorado na Espanha, em 2020. Com a pandemia, refiz meus planos e assumi a disciplina no segundo semestre. E meu maior desafio era como permitir aos estudantes um espaço de desconstrução no que diz respeito à sua abertura para uma comunidade desconhecida e também à uma comunidade que raramente vê suas histórias escritas, fotografadas, publicadas e valorizadas”, revela a professora.

Sonia ainda contou com a ajuda do doutorando Danton Boattini, que realizou o estágio docente na disciplina. O planejamento das aulas iniciou com conteúdos teóricos e depoimentos de outros jornalistas e projetos cidadãos, como o Fala Roça. Também ocorreu uma entrevista com Marcelly Malta, coordenadora da ONG Igualdade – Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul. Ela é a primeira travesti brasileira a conseguir a alteração do prenome em todos os seus documentos.

A estudante Amanda Krohn, do 6º semestre de Jornalismo, participou dos dois projetos impressos. “O Babélia foi mais tranquilo, pois era apenas uma pauta no semestre inteiro. Já no Enfoque, eu tive mais dificuldade, tanto por problemas técnicos, como internet, quanto por falta de resposta de algumas fontes”, conta.

A gestão do tempo também foi uma das dificuldades para a realização das duas disciplinas: “Possuo FIES, por isso, tenho prazo para me formar. Faço sempre cinco disciplinas por vez, no mínimo. Acaba sobrando pouco tempo para fazer tudo. É sempre muito corrido”, explica Amanda.

Mais perto da comunidade

Apesar das dificuldades, Micael Behs, que também é coordenador da graduação em Jornalismo (campus São Leopoldo), reforça a importância das publicações para o curso: “Eles são motivo de orgulho, pois, além de gerarem rico portfólio, cumprem a vocação social do jornalismo, que é encontrar e publicar histórias de interesse público. Além disso, os estudantes têm a oportunidade de ver o seu trabalho impresso circulando nas comunidades”, complementa.

Assim como o Enfoque, que teve seus exemplares entregues aos moradores da Região Nordeste de São Leopoldo, o Babélia, desde a edição anterior, vem seguindo o mesmo movimento. A diferença é que a distribuição é realizada para moradores na cidade de locais conhecidos como ocupações. Para os jornais chegarem até eles, o curso de Jornalismo firmou parceria com a Rede Solidária São Léo, projeto que realiza doações de alimentos nesses lugares.

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