Em prol da acessibilidade

Aluno desenvolve projeto de prótese 100% brasileira

Crédito: Rodrigo W. Blum

Como nascem as boas ideias? O processo de criação acontece de uma maneira diferente para cada um, mas é preciso um espírito empreendedor para buscar soluções inovadoras para resolver antigos problemas. O aluno do curso de Engenharia de Produção, Lucas Strasburg, inventor da Revo Foot, contou como surgiu a ideia. “Eu e o Eduardo ainda estávamos no Ensino Técnico e precisávamos desenvolver uma atividade de aula que tivesse a ver com pesquisa. Um dia, voltando do futebol, vimos uma pessoa cambaleando. Ao nos aproximarmos percebemos que ela tinha uma deficiência, da canela para baixo, em uma das pernas, e foi aí que deu o ‘estalo’ de criar uma prótese ortopédica”, relembra.

Com foco na sustentabilidade

“No Brasil, estamos muito atrasados, temos uma dependência total de material protótipo que vem de fora. Até nossas próprias normativas são muito atrasadas. Nós queríamos desenvolver algo de qualidade com materiais mais baratos e que fosse reciclável, e aí a gente acabou optando por trabalhar com pet. Hoje a gente tem três linhas de pesquisa, mas a nossa primeira linha foi com pet, pelo baixo custo e a sustentabilidade”, explica Lucas. O estudante fala que os três tipos de próteses se diferem pelo material: pet, policarbonato e resina. Segundo ele o público-alvo também é uma diferença importante. “Uma linha é usada por quem é amputado da canela para cima, outra é desenvolvida para quem é amputado no tornozelo, e temos um tipo que é mais adequado para crianças”, enfatiza.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Lucas defende que o projeto traz muita inovação para área. “Uma mudança relevante que desenvolvemos foi em relação a modularidade das peças. Se você quebrar uma pecinha pode trocar só ela e não tem necessidade de trocar o componente inteiro da prótese”, justifica. Além disso, Lucas revela que uma prótese convencional deve ser trocada a cada dois anos, e a Revo Foot pode ser trocada há cada três. “Nosso produto busca sustentabilidade e traz economia para o paciente. Em seis anos seriam duas trocas da nossa prótese, enquanto que uma prótese normal seria necessário trocar três vezes”, destaca. A manutenção do produto, segundo o estudante também é mais baixa. “Para entrarmos no mercado teríamos que oferecer um preço em torno de 30% a 40% mais barato do que o material que vem de fora”, pondera.

Motivado por histórias

Lucas é bolsista Prouni 50% e diz que sua motivação é social. “Eu quero trabalhar por essa gente que passa horas numa fila buscando uma prótese para amenizar o sofrimento, quero tornar o produto mais acessível aos brasileiros. Quando eu recebo um e-mail contando uma história, eu quero continuar trabalhando para ajudar essas pessoas. E é por esses colegas de sociedade que eu me sinto na obrigação de devolver com trabalho a chance de estudar que a bolsa me deu”, destaca.

A Revo Foot está incubada na Unitec II, dentro do Parque Tecnológico da Unisinos. A previsão é que as próteses estejam disponíveis para consumo até o final de 2017. No entanto, antes de chegar ao usuário final, serão necessários mais testes com pacientes. Até o momento, poucas pessoas usaram as próteses e a maior parte dos testes foram realizados em laboratórios.

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