De casa nova

De casa nova

Crédito: Rodrigo W. Blum

Miguel Ângelo da Rosa Ifran ou só “Seu Miguel” como é conhecido na comunidade do Bairro Feitoria Seller, em São Leopoldo. Um senhor de 65 anos, casado e que mesmo sem filhos se preocupa com as crianças da comunidade e ajuda os pequenos a sonharem com um futuro melhor. Simpático e sempre com um sorriso no rosto, foi assim que ele nos recebeu para falar sobre a chegada do Programa Esporte Integral – PEI na nova casa.

Para ele que é presidente da Associação de Moradores do Bairro Feitoria Seller, o projeto social desempenha um importante papel na vida das crianças. “Eu espero que dê frutos tanto para eles como para a própria comunidade. É uma geração que está surgindo e a gente tem bastante expectativa com o trabalho social que estão fazendo aqui. E eu confio muito no PEI”, afirma orgulhoso.

O trabalho que hoje é realizado pelo programa na Associação de Moradores, antes acontecia na Sociedade Recreativa Cultural e Beneficente Imperatriz Leopoldense, no Bairro Feitoria Cohab. O coordenador do programa, Augusto Dotto, conta que foram quatro anos em que o local proporcionou muito aprendizado. Ele destaca a importância do envolvimento da comunidade e a participação dos pais, algo que geralmente é difícil.

O coordenador conta que apesar dos benefícios ainda sentiam falta de uma quadra esportiva e outras opções para o desenvolvimento do trabalho. Então, em junho de 2015, por uma questão de espaço, passaram a realizar as atividades na casa nova. “O PEI nesse tempo todo também tem uma preocupação de impactar as políticas públicas, não adianta a gente só fazer esporte e não querer mudar. Ver uma quadra dessas que estava desocupada, que estava sem uso e que para a gente seria ótimo nos empolgou muito para estar aqui”, explica.

Miguel fala que o Programa é o que faltava para a comunidade. Um trabalho social que ocupa o tempo das crianças. Ele acredita que aos poucos outros vão querer participar, com o tempo os pais vão conhecendo melhor o trabalho e reconhecendo a importância. “Como a sede estava parada a gente cedeu para eles. Porque para um projeto desses não se pode negar. A gente tem mais é que incentivar para que o projeto continue e cresça cada vez mais”, ressalta.

Eva Luciane Oliveira, auxiliar de serviços gerais, tem três filhos no PEI. Ela conhece bem a importância do trabalho realizado. Tudo começou com o filho mais velho, Adam de 12 anos, que participou do programa até o ano passado. “Esse ano ele não pode porque está estudando de tarde”, conta. E o gosto pelo projeto seguiu na família, agora os outros três filhos mais novos estão participando do PEI: Willian, 8 anos e as gêmeas Maiara e Monique de 10 anos.

Maiara diz que ela e os irmãos participam do programa três vezes por semana. “A gente joga hóquei, futebol e tem atletismo. Eu gosto mais de hóquei, não conhecia e aprendi a jogar aqui no PEI”, conta. A mãe das crianças incentiva. “É muito bom, eles precisam de uma atividade esportiva. Porque não é trancado dentro de casa que eles vão aprender alguma coisa. E eles gostam de vir aqui, mesmo em dia de chuva não ficam em casa”, completa.

Em 2015, o Programa Esporte Integral teve 290 atendimentos diretos e 900 indiretos. Desde 1988, já foram atendidas 12 mil crianças e adolescentes de São Leopoldo. O PEI atua na prevenção de situações de risco e vulnerabilidade, investindo no desenvolvimento e no fortalecimento de vínculos. “É o nosso futuro daqui a uns 10 ou 15 anos. Eu espero ainda ver eles bem. Dizendo que aquele projeto que tinha na associação ajudou e que estão bem. Será muito gratificante isso”, conclui “Seu Miguel”.

Driblando obstáculos

Criado em 1988, o Programa Esporte Integral – PEI atende crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, moradores de São Leopoldo. Com o programa, os alunos praticam hóquei sobre grama, futebol e atletismo. O PEI também conta com o grupo de percussão, o Baturidança. O programa busca prevenir situações de risco e vulnerabilidade investindo no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

“A gente vê que eles têm um sonho e que o sonho é maior que viver a mesma vida, que podem sonhar mais alto. Não tem problema nenhum ter a mesma profissão do pai, querer morar aqui na comunidade a vida toda. Mas, pelo menos sonhar com algo. Às vezes, eles não se permitem sonhar. E tenho certeza que o PEI ajuda muito nisso”, afirma o coordenador, Augusto Dotto.

Além da Associação de Moradores do Bairro Feitoria Seller, as atividades acontecem em outros dois lugares, o Complexo de Esporte e Lazer da Unisinos e a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB).

Esta matéria foi realizada em meados de 2016, referente ao Balanço Social 2015.

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