Afeto que se cultiva

Afeto que se cultiva

Crédito: Rodrigo W. Blum

O solo cheio de hortaliças, temperos e plantas alimentícias não-convencionais é indício do trabalho feito por mãos de pessoas dedicadas. No contraturno escolar, crianças e adolescentes, de seis a 15 anos, fazem o plantio, a colheita e a manutenção da Horta Mãe-da-Terra, o instrumento pedagógico do programa que visa à proteção, à socialização e ao fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

Com a horta, o Pasec ensina técnicas de cultivo, preservação e uso racional dos recursos naturais, ao mesmo tempo que incentiva a educação alimentar e nutricional para promover a vida saudável. O programa também se ocupa do plantio de árvores nativas em torno da nascente do Arroio da Manteiga, de mutirões ecológicos e da recuperação de áreas verdes dentro da comunidade onde residem os participantes da iniciativa, todos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Marta, em São Leopoldo.

Para Lucas Almeida da Silva, 10 anos, a horta é a preferida das atividades. Assim como ele, que adora plantar e capinar, Michele Santos, 11, encontra a diversão em tudo o que faz. “Acho legal mexer na terra, mas também gosto de brincar de montar cidades quando vamos para a sala, depois de cuidar das plantinhas”, diz.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Relacionamento e aprendizado

As estudantes de Biologia Bruna Drieli Corrêa de Brito, Daniela de Oliveira e Tatiane Scheeren, estagiárias do Pasec, falam contentes sobre o conhecimento adquirido no programa. Daniela conta que propôs e agora está desenvolvendo um projeto de horta semelhante em uma outra escola. Já Tatiane, que mora em uma chácara em Dois Irmãos, diz sentir-se em casa ao trabalhar com a terra e que aprende muito com os pequenos.

Bruna, por sua vez, vê a oportunidade com olhos de gratidão. “É uma experiência de grande significado para mim, até para a vida, em coisas para as quais não dava importância e que agora eu valorizo”, emociona-se. “Mesmo que ganhe bolsa de estudo, me importo mais com o valor do que eu consigo passar para eles. Eu estou recém no começo do curso e, quando entrei para o Pasec, eu pensei ‘o que eu tenho para ensinar?’. Hoje, eu ensino e aprendo, tudo ao mesmo tempo.”

A assistente social do programa, Adriani Faria, conta que muitas crianças e adolescentes buscam na equipe do Pasec o afeto que às vezes lhes falta em casa: “A gente quer que eles se sintam bem nesse espaço, que sejam acolhidos, e eles mesmos já nos relataram que é aqui que vão ter um abraço, um beijo, uma escuta”.

A relação é tão sincera, que surpreende. “Às vezes, eu me sinto a Xuxa!”, brinca a bióloga Daiani Fraporti dos Santos. “É bonito ver as crianças correndo para nos encontrar e perguntando por que não tem horta todo dia. Eu acho que tu cativas as pessoas quando é aberto, e não tem nada melhor do que um abraço para isso”, conclui.

Esta matéria foi realizada em meados de 2016, referente ao Balanço Social 2015.

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