Tulio Milman participa de bate-papo com os alunos de Jornalismo

Presença do jornalista fez parte de ação dos 50 anos da Zero Hora

Crédito: Rodrigo W. Blum

“Jornalismo é uma profissão em que experiência e bagagem contam muito. É uma prova de resistência, e não velocidade”, diz o jornalista Tulio Milman, em um bate-papo com os alunos do curso de Jornalismo, via streaming, no estúdio da TV Unisinos. Milman atua na área há 22 anos e, atualmente, é quem assina o Informe Especial, do jornal Zero Hora. Com seu carisma, deixou todos à vontade na conversa, que gerou perguntas que causam inquietude em alunos e profissionais da área.

Segundo o coordenador do curso de Jornalismo, Edelberto Behs, a atividade foi proveitosa e permitiu a pluralidade de opiniões. “Não é preciso que se concorde com tudo o que ele diz ou absolutamente nada, é preciso ouvi-lo. Esse é o espaço de debate, de troca de ideias e posicionamentos. Muito do que em qualquer outra área, o Jornalismo deve exercer isso. Sendo assim, é importante contar com profissionais do mercado de trabalho”, afirma.

“O jornal impresso não vai desaparecer, ele vai se transformar”.

Tulio Milman, jornalista

Milman disse não ter fórmulas milagrosas para o sucesso na profissão. “Não pretendo vir aqui e derramar sabedoria, até porque não a tenho. O que eu tenho é experiência”. Ele enfatiza que não se deve ter medo do futuro do Jornalismo, mas aceitar as mudanças. “A questão tecnológica teve um impacto decisivo na forma como as pessoas se comunicam, algo muito diferente de cinco anos atrás. A velocidade desse processo é vertiginosa. Cada dia lançam aplicativos novos, funções novas e novas maneiras de comunicação. E nós ficamos tentando saber para onde vamos. Se alguém disse que sabe para onde a comunicação se encaminha, não direi que é mentiroso, mas ousado”. Ele coloca que cabe aos veículos de comunicação se adaptar à nova onda.

A questão sobre o alto número de demissões no Grupo RBS foi inevitável. E, segundo ele, o fato não é uma questão só da ZH, mas do mercado jornalístico mundial. “O meu primeiro choque de realidade foi, em 2012, quando eu cobri as Olimpíadas de Londres. Passei 35 dias por lá e vi pouquíssimas bancas de jornal. Antigamente, em cada esquina encontrávamos uma; hoje, elas desapareceram. Nós entramos no metrô e ninguém mais tem o jornal em mãos, todos portam dispositivos móveis. O jornal impresso não vai desaparecer, ele vai se transformar”.

“A maior bagagem cultural que eu tenho vem dos lugares em que estive e das pessoas com quem conversei”.

Tulio Milman, jornalista

Crédito: Rodrigo W. Blum

Ele comentou que ainda cultuamos o mito de que a parte mais charmosa do Jornalismo é trabalhar em veículos de comunicação. “Algumas das grandes oportunidades da área, hoje, não estão em veículos de comunicação tradicionais. Com a explosão tecnológica, qualquer empresa deve estar preparada para se comunicar com seu público. Hoje, por exemplo, quando falamos em manipulação ou omissão de informação, é uma piada. Não temos como esconder. Ela vai para o Facebook, para o Twitter, para o Instagram, a notícia fervilha”. Segundo ele, o avanço das tecnologias proporciona uma evolução para a comunicação.

Milman foi indagado sobre a falta de instantaneidade do jornal. “No dia da morte do Eduardo Campos, todos já sabiam da informação, e eu tinha certeza de que, no outro dia, a manchete de todos os veículos seria ‘Morre Eduardo Campos’. O que pode ser feito para mudar isso?”, questiona. O jornalista replicou, dizendo que apesar da falta de novidade para as pessoas, é necessário que essa informação seja dada, pois o jornal também serve como documento histórico. Deu o exemplo dos jornais que partiram para uma análise sobre os rumos que a campanha do PSB tomaria e foram tachados de frios. “Não cabe ao jornal ensinar o seu público sobre o conteúdo que será publicado. O leitor quer que o jornal seja a sua cara, e eles têm direito disso, senão, cancelam a assinatura. Estamos na geração mimimi”.

Crédito: Rodrigo W. Blum

O jornalista

Tulio Milman é graduado em Jornalismo pela PUCRS. Sua primeira reportagem foi publicada em um jornal da comunidade judaica, ao voltar de Israel, onde fez um intercâmbio aos 17 anos de idade. O primeiro emprego de Milman no Jornalismo foi no Correio do Povo, como correspondente internacional, em Barcelona. Em seguida, foi contratado pelo Grupo RBS, onde permanece até agora. Já passou pelo Teledomingo e TVCOM e, hoje, é colunista do Informe Especial da Zero Hora.

Sobre a cobertura mais marcante, Tulio relata que várias foram memoráveis por aspectos diversos. Umas divertidas ou emocionantes; outras, reveladoras. “Agora influenciado pelo conflito na Faixa de Gaza, me lembro de quando o presidente, Mahmoud Abbas, veio a Porto Alegre. Eles tinham de escolher um jornalista para fazer um entrevista cara a cara com ele. E me escolheram”, lembra. Por ser judeu, Tulio diz ter sido um momento muito marcante de sua carreira. “A maior bagagem cultural que eu tenho vem dos lugares em que estive e das pessoas com quem conversei”, conta.

O encontro com Tulio Milman fez parte de uma série de palestras oferecidas pela Zero Hora em todos os cursos de Comunicação do Rio Grande do Sul, em comemoração ao seu aniversário. Este é o quarto ano que a Unisinos acolhe a proposta.

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