Mobilidade: a cidade pensada para as pessoas

Planejamento urbano é uma das áreas de atuação da Engenharia Civil

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O crescimento exponencial da população e o afogamento de veículos nas estradas, acompanhados pela falta de investimentos coerentes em infraestrutura, estão deixando as cidades obsoletas e insustentáveis. Uma das principais dificuldades que enfrentamos na contemporaneidade é a falta de planejamento urbano e ecoeficiência. A mudança do modelo de desenvolvimento das cidades brasileiras tornou-se um desafio inadiável. Para quem pensa em seguir carreira na Engenharia Civil, o setor de planejamento urbano pode ser uma alternativa rentável de atuação.

“O planejamento e desenho de uma cidade têm papel estratégico em abordagens ambientais, sociais, econômicas e culturais. Ele deve ser pensado a longo prazo, com a obrigação de perpassar as diferentes gestões municipais. Pode sofrer ajustes, de acordo com a realidade, mas o objetivo final daquilo que se pretende implantar deve ser cláusula pétrea”, afirma o professor João Hermes Nogueira Junqueira, do curso de Engenharia Civil da Unisinos.

A falta de qualidade de vida em grandes centros urbanos está ligada às falhas no planejamento urbano. Isso afeta diretamente diversos setores, como transporte, saúde, educação, meio ambiente e economia. Estima-se que perdemos até 10% do PIB de uma cidade em congestionamentos. E esse dado não tende a ser menos desesperador nos próximos anos. De acordo com o DETRAN-RS, o Rio Grande do Sul vai abrigar mais 2 milhões de veículos em menos de cinco anos. Isso é equivalente a 10 vezes a população de São Leopoldo.

O que ocorre, segundo o professor, é que as gestões têm desenvolvido planos aplicáveis a áreas específicas, sem levar em consideração todo o ecossistema da cidade e seu plano diretor. “Para colocar um plano em vigência, é necessário fazer diagnósticos e prognósticos, levantar alternativas, testar alternativas, identificar os impactos que essas alternativas causam no local onde a mobilidade acontece, e, então, implantar as ações mais vantajosas”, esclarece, lembrando que a participação da população é crucial na decisão das escolhas para a cidade.

Segundo o professor, a melhor maneira de planejar a cidade é ouvir e respeitar a opinião de quem mora nela. “Se a população demanda uma ciclovia para se transportar, o gestor deve implantar. Mas isso não significa colocar vários trechos que não ligam nada a lugar algum, sem condições adequadas, e achar que se trata de uma ciclovia. Isso é botar dinheiro fora”, afirma. Além disso, deve-se pensar no contexto dessa mudança, como proporcionar bicicletários, em que as pessoas possam deixar as suas bicicletas seguramente guardadas para poderem retornar.

O desenvolvimento qualitativo das cidades implica na revisão de princípios aplicados aos projetos urbanos, como a priorização de transporte coletivo em detrimento de transporte individual, porque as medidas tomadas impactam diretamente no modo de viver na cidade. Segundo o professor João Hermes, o deslocamento deve ser uma integração entre baixo custo, comodidade, segurança e rapidez. Uma cidade sustentável é aquela que pensa na mobilidade de pessoas, e não de carros.

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