Não existem fronteiras para a inspiração

Vanessa Andreotti falará no TEDxUnisinos sobre as relações entre cultura e capacidade intelectual

Crédito: Divulgação

Titular da Cátedra Canadense de Pesquisa sobre Desigualdades e Mudança Global, professora da Faculdade de Educação, na Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver, no Canadá, pesquisadora, escritora, assessora… E brasileira. Vanessa Andreotti saiu do sul do Brasil com destino certo: mostrar que, em qualquer lugar do mundo, a capacidade intelectual, de comunicação e de profundidade, não são exclusividade de nenhuma cultura. Vanessa vai compartilhar as suas experiências acadêmicas e de mercado internacional no TEDxUnisinos deste ano. Acompanhe a entrevista:

De professora do Ensino Médio no Paraná para a Inglaterra. Como isso aconteceu?

Vanessa: Meu sonho desde adolescente era ser professora de ensino médio, na escola publica, e fazer a diferença para uma sociedade mais solidária e unida.  A carreira acadêmica internacional aconteceu de uma forma completamente inesperada. Eu dei aulas por oito anos em Curitiba, em três turnos e três escolas diferentes. Depois fui contratada pelo Conselho Britânico para coordenar iniciativas de capacitação dos professores da rede publica e estabelecer parcerias com escolas na Inglaterra. Foi neste período que pude explorar as percepções de hierarquias culturais que se reproduzem tanto nas instituições quanto nas relações sociais. Essas hierarquias equalizam o crescimento econômico com a capacidade intelectual: quem nasce em um país mais rico é visto como mais inteligente. A partir daí eu decidi explorar como esses pressupostos se reproduzem, principalmente dentro da educação.

Como foi tratar das percepções de hierarquias culturais fora do teu país de origem?

Vanessa: A minha iniciativa foi vista como inovadora na época, tanto nos projetos Paranaenses quanto na própria Inglaterra. Tive suporte de varias ONGS Européias para continuar esse questionamento dentro da educação que acontece nos países ricos relacionada aos países mais pobres. Fui beneficiada com uma bolsa de estudos para o meu doutorado na Universidade de Nottingham dentro dessa área e comecei a trabalhar como coordenadora educacional no Centro de Estudos sobre Mudanças Sociais e Globais no Departamento de Teoria Política dessa universidade. Consegui financiamentos para projetos educacionais  relacionados a movimentos sociais  através de governos da Europa. Quando terminei meu doutorado, já com varias publicações internacionais de impacto no questionamento das hierarquias culturais em educação, fui convidada a trabalhar na Universidade Nacional da Irlanda. Depois disso trabalhei na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, no departamento de estudos Maori (indígenas) na educação.

Tens importantes trabalhos publicados no exterior. Enquanto pesquisadora brasileira, como és vista no âmbito internacional?

Vanessa: Em 2010 ocupei a única cátedra Européia em educação global, na Finlândia. Nesse contexto, eu fui a primeira acadêmica estrangeira e mais nova professora titular contratada na Universidade de Oulu com 35 anos. Desde janeiro, trabalho na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, como Cátedra Canadense de Pesquisa em Desigualdade e Mudança Global. Esse programa de cátedras de pesquisa, tem o objetivo de trazer para o Canadá as “mentes mais promissoras e brilhantes”.  Sou uma das poucas mulheres estrangeiras, visivelmente latino-americana, nessa posição de liderança na academia Canadense. Como as hierarquias sociais, culturais e existenciais, que são o foco da minha pesquisa, tem origem histórica e são reproduzidas sistemicamente, o trabalho de uma pesquisadora brasileira em levantar questões complicadas sobre renegociação de pressupostos e relações de poder é complicado. Mas é superimportante marcar presença para que as pessoas percebam tanto aqui quanto lá fora que a capacidade intelectual, de comunicação e de profundidade, não são exclusividade de nenhuma cultura. Isso é necessário para que a gente possa mobilizar a afetividade e a coragem para abordar questões difíceis, porem urgentes na construção de futuros alternativos.

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