Mais qualidade de vida para a agricultura familiar

Silo Verde é uma alternativa sustentável para o armazenamento de grãos

Crédito: Rodrigo W. Blum

Para suprir a carência da agricultura familiar brasileira em relação ao armazenamento de rações e grãos, o aluno do curso de Processos Gerenciais, Manolo Machado, sócio-fundador da empresa Silo Verde, desenvolveu um silo sustentável, produzido a partir de garrafa PET. A ideia surgiu da necessidade de prover uma solução para o pequeno e médio produtor, uma população que constitui 24% do PIB brasileiro, e que sofre com carência de armazenagem, grande desperdício de alimentos e prejuízos econômicos.

“O silo é modular, o que facilita o transporte e a montagem. É um formato inovador, pois ocupa áreas pequenas, é prático e de baixo custo em relação aos produtos atuais. Com ele, os produtores têm a possibilidade de comprar ração a granel, que é mais barata que a vendida em sacos. Podem armazená-la e vendê-la quando quiserem, afinal o alimento estará conservado. Isso significa melhoria na qualidade de trabalho e de vida do pequeno produtor, que não precisará transportar sacos nas costas, e melhoria da sanidade, pois mantém o isolamento de ratos e pragas, que podem contaminar o produto”, explica.

Uma alternativa sustentável, que transformou o problema ambiental gerado a partir do descarte incorreto de garrafas PET em uma solução para o agronegócio. A consciência ecológica, dentro do modelo de negócios da Silo Verde, foi idealizada desde sua concepção. “Erroneamente, as pessoas associam garrafa PET com poluição. A PET não é um problema ambiental, é um problema cultural social. É extremamente necessária para uma sociedade sustentável – um produto em abundância, de boa qualidade e reciclável. Torna-se um problema, quando descartada de maneira errada, jogada em praças, rios, bueiros. Então vira lixo”, afirma.

Em 2014, Manolo conquistou o Prêmio Roser – São Leopoldo Smart Cities com a proposta da Silo Verde. O Prêmio é uma iniciativa da Unisinos e do Tecnosinos em parceria com a Prefeitura de São Leopoldo, cujo objetivo é apoiar projetos que apresentem soluções inovadoras para os problemas do município, os quais possam tornar-se negócios reais. Com esse reconhecimento, a equipe da Silo Verde ficou incubada no Tecnosinos por um ano.

De onde vêm as boas ideias?

Manolo comenta que é preciso romper com a crença na batalha lógica do insight mágico. “Eu costumo dizer que o insight é o transbordamento de uma caixa d’água. O produto e o empreendimento nunca estão completos, é necessário sempre aprimorar. Tu vais alimentando a ideia ao longo da tua vida, com características de conhecimento técnico, estudo, formação”, recomenda. Segundo ele, esse processo está alinhado à preocupação de sempre promover uma versão melhor da anterior, com o objetivo principal de estar focado no benefício de quem vai usufruí-la.

Bolsista PROUNI 100%, ele revela que a relação de proximidade com a universidade foi fundamental no processo de construção das ideias para ele. “Eu valorizo muito a troca em sala de aula – com os colegas e professores. O principal valor da universidade é, além do conhecimento teórico, a rede de contato que se forma para troca de experiências e aprendizado. O constante aprimoramento e o acúmulo da bagagem de estudos, experiência, tentativa e erro são fundamentais para o desenvolvimento do produto e do modelo de negócio”.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Empreendedorismo no Brasil

Segundo Manolo, no Brasil, existe uma disparidade de entendimento da relação entre empreendedorismo e benefício social. “Há diferença entre os que veem propósito no empreendimento e os que veem lucro. Quem tem propósito, pensa que é errado ganhar dinheiro sendo empresário. Acredita que a maioria do empresariado tem uma empresa só pelo fator dinheiro, funciona de certa forma como uma aversão ao capitalismo. Mas o intuito do empreendedorismo é trazer lucros para a empresa, sim, e, ao mesmo tempo, trazer benefícios para as famílias e para o meio ambiente”, diz.

Tão importante quanto ter um produto é pensar em como esse produto beneficia as pessoas, alega Manolo. Como empresário, dá uma dica para quem quer seguir o mesmo caminho: tenha empatia. “Acredito que os empreendedores, às vezes, se perdem no propósito. Querem espremer a laranja ao máximo. Falta colocar-se no lugar do outro, pensar nos benefícios que os consumidores do produto terão. Um jogo justo. Estar disposto a beneficiar o outro genuinamente. Visar apenas ao lucro é um formato comercial que está fadado a se deteriorar”, conclui o idealizador da Silo Verde, um produto que nasceu em São Leopoldo e se expande pelo país e pelo mundo.

O nosso website usa cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização.

Aceitar